Rookie Blue: Motivos para dar uma chance

Rookie Blue acabou sua sexta temporada pela Global (Canadá). Nos EUA, é transmitida pela ABC e, no Brasil, pela Universal. Até o momento de fechamento desse artigo, não havia notícias sobre renovação para sétima temporada.

Foi mais ou menos em 2012 que eu percebi que não estava mais dando conta da quantidade de séries que tinha adotado. Eram 15 ou 20, entre as que estavam em andamento e as que eram estréias da temporada, e nisso iam-se quatro ou cinco horas diárias vendo os episódios da semana. Mais ou menos nessa época, eu tomei coragem para o grande drop out de séries. Foi um evento que mudou a minha vida: Eu voltei a ter tempo para ler, escrever e até pensar. Também passei a ficar por fora das conversas sobre séries, mas como não tinha mais a compulsão de ver tudo, também não ligava para spoilers e podia fazer todo tipo de pergunta para os amigos que ainda estavam acompanhando as séries X, Y e Z.

Obviamente, eu não larguei todas; Passei a ver temporadas completas quando elas eram bem indicadas e recebiam reviews positivas, e continuei com umas cinco séries que eram minhas favoritas. Eventualmente, fiquei com duas séries em andamento na minha lista de acompanhamento semanal, uma delas se destacando por motivos de vício completo. E é aqui que finalmente chegamos ao ponto desse artigo inteiro:

Rookie Blue

Eu pensei muito sobre os prós e contras de escrever um artigo sobre uma série canadense que ninguém conhece além de mim – e, mais recentemente, das amigas que eu consegui viciar; Mas, em nome da diversidade midiática (e da minha vontade de viciar mais gente…), resolvi listar para vocês alguns motivos para dar uma chance para a série.

157631-13

O Plot Geral

Rookie Blue começou em 2010, seguindo o início de carreira de cinco policiais: Andy McNally, Traci Nash, Gail Peck, Dov Epstein e Chris Diaz. Observando superficialmente, é uma série “caso da semana”, mas ao longo das temporadas é possível ver padrões se formando. Além disso, apesar de ser uma série policial (e, por favor, ignorem os comentários de que é um Grey’s Anatomy with guns. Eu não passei da primeira temporada de Grey’s Anatomy.), o tema geral da obra é o desenvolvimento pessoal e profissional dos personagens. Por isso, já fica a primeira dica para quem der uma chance: Se você não gostar dos personagens, provavelmente não vai gostar da série.

Nostalgia

Para quem foi pré-adolescente ou adolescente nos anos 2000 e pouquinho talvez esse seja um nome desconhecido, mas o rosto provavelmente traz lembranças: Gregory Smith foi o protagonista de Everwood, uma série que passou no SBT mais ou menos na mesma época de The O. C., e atualmente faz parte do grupo de protagonistas da série no papel de Dov Epstein. Você talvez também o tenha visto em um episódio de ‘Are You Afraid of the Dark?’, uma série famosa do Canadá que no Brasil passou com o nome “Clube do Terror”, que também contou com participação de Charlotte Sullivan, a.k.a. Gail Peck. Dos outros nomes da série, se você viu o filme “Stick it (Virada Radical, de 2007)” em uma das incontáveis reprises na HBO, vai reconhecer Missy Peregrym, a.k.a. Andy McNally.

Elenco de Apoio e participações especiais

Rookie Blue conta com um dos melhores elencos de apoio que eu já vi na televisão, não tanto pelos nomes famosos, apesar de contarem com William Shatner em um episódio da terceira temporada, mas porque eles são tão bem construídos quanto os protagonistas. Ao contrário de muitas outras séries, Rookie Blue não transforma as personalidades para caber no roteiro. Ao invés disso, ela guia o roteiro com base nos personagens e nas decisões que eles tomariam. E, da mesma maneira que as decisões dos protagonistas são guiadas pelos traços de personalidade que já vimos durante o desenvolvimento da série, as ações dos personagens de apoio são condizentes com suas respectivas construções e suas aparições tem bases consistentes.

OH SO MANY SHIPS

Toda série tem seu casal de ouro e Rookie Blue não é diferente; No entanto, a série trabalha os relacionamentos profissionais e pessoais de tal maneira que, a cada possível ship… YOU SHIP IT. Na verdade, até os próprios personagens fazem piada com as duplas que formam, desde Peckstein, que é meu favorito, até Dice, porque nem todos podem ter um nome vencedor.

Auto-referência

Como apreciadora do trabalho de Joss Whedon e da Marvel, há poucas coisas que eu gosto mais do que encontrar easter eggs e me sentir inteligente por isso.

Apesar de ser em menor escala e apenas dentro da própria série, Rookie Blue cria padrões dentro de si mesma e faz referências que, quando percebidas, tornam evidente o cuidado no desenvolvimento, o propósito de várias pontas soltas e o auto-conhecimento que os autores tem em relação aos personagens e plots que criaram. Desde o fato de os cachorros citados terem nomes de personagens de “To Kill a Mockingbird” (O Sol é Para Todos, livro de Harper Lee), passando por eventos como a Fite Night e chegando até comentários aleatórios de personagens que viram episódios importantes em temporadas posteriores, Rookie Blue se constrói em linhas de acontecimentos que raramente desrespeitam a si mesmas.

A pior temporada não é ruim

Eu sei que esse não é um argumento exatamente bom, mas depois de eventos como a sexta temporada de Supernatural e a terceira de Lost, acho que vale a pena ressaltar que, em sua temporada mais fraca, Rookie Blue não foi ruim. Toda série tem aquela temporada ou aquele gap de episódios que simplesmente não fazem diferença, ou são tão ruins que fazem a média de nota no IMDB cair drasticamente. No caso de RB, foi a quinta temporada, que por motivos contratuais acabou sendo dividida em quinta e sexta, cada uma com onze episódios. No entanto, a temporada se recupera no final e a sequência não deixa a bola cair, retomando pontas soltas e dando desfechos dignos, se não memoráveis, às questões deixadas no ar.

É uma série que faz sofrer

Se você é um seriador, não adianta negar que há traços masoquistas no seu caráter. Todo cliffhanger te enlouquece e todo hiatus te tortura, mas você sempre volta. Rookie Blue aumenta exponencialmente essas emoções porque, além de não ter ninguém para conversar (o que te leva a escrever artigos enormes sobre a série para tentar convencer outras pessoas a assistir), quem acompanha sofre duplamente com o suspense: Além de não saber o que acontece em seguida, a gente não sabe se acontece alguma coisa, já que o anúncio de renovação da série dificilmente sai antes do final da temporada atual. E não dá nem pra comprar os DVDs/Blu-Rays e sofrer com um pote de sorvete em casa vendo os extras e as cenas cortadas, já que eles só costumam sair depois que a nova temporada se iniciou. Isso no exterior, já que, no Brasil, só se consegue importando por uma pequena fortuna. Um minuto de silêncio em agradecimento à locadora do Paulo Coelho.

Ou seja:

Rookie Blue não chama atenção pela temática, está sempre por um fio, pouca gente vê e, se acompanha e se vicia, não tem ninguém para conversar sobre. Resumindo: Você devia ver.

/Games

O futebol além dos campos

/Séries & TV

The Handmaid’s Tale – Review – 1ª Temporada

/Séries & TV

Agents of SHIELD – Review – 4° Temporada

/Séries & TV

Desventuras Em Série – Crítica – 1° Temporada

/BananaBooks

Resenha de Como Tatuagem, de Walter Tierno

/BananaBooks

Resenha de Além-Mundos, de Scott Westerfeld