Review | Revolution 2×09: “Everyone Says I Love You”

Rev 2x09

Meio que de surpresa chegamos ao último episódio do ano de Revolution que por sinal foi ótimo e deixou diversos ganchos, e não apenas um grande que nem fizeram no episódio dez da primeira temporada, mas um que possui um leque de pontas soltas que podem ser trabalhadas com cuidado na segunda metade da temporada. Uma das melhores características de “Everyone Says I Love You” é saber empregar seu drama da forma correta e trazer questionamentos quando necessário, além salpicar um pouco de humor entre as cenas de ação para dar um tom mais leve para aliviar a tensão.

O cliffhanger do episódio “Come Blow Your Horn” é o ponto de partida do episódio 2×09 e dessa forma acompanhamos Miles, Rachel e Charlie tentando uma ação desesperada para salvar Aaron e Gene das mãos do patriota doutor Horn. É bom ressaltar o quanto a mão do diretor Steve Boyum foi importante na condução do início do episódio, todo mistério envolvendo os soldados e diversos animais literalmente adormecidos dentro e fora do quartel general dos patriotas foi simplesmente a chave para deixar tudo mais enigmático e atiçar o público para o que estava por vir.

A fotografia do episódio é outro atrativo à parte ao colocar a névoa para aumentar o ar de mistério temos aqui uma busca por Aaron que depois de provocar o incidente citado desaparece com Cynthia. Por um lado Miles e companhia correm para fora atrás do rastro do amigo desaparecido, do outro lado Horn e grupo de patriotas partem para fazer o mesmo depois que despertam.

O grande trunfo aqui é deixar o conflito contra os patriotas em segundo plano e focar mais no lado sci-fi da série. Com isto temos a grande revelação do episódio que vem de jeito mais do que inusitado através de Aaron Pittman. Nas reviews anteriores eu citei que já estava na hora do nerd aceitar os benefícios de seus poderes, neste episódio o roteiro foca exatamente neste dilema do personagem e ainda aproveita para trazer revelações quanto à tecnologia dos nanobots numa mesma pegada.

Saber que Aaron tem uma ligação especial com nanobots por causa de suas ações na Torre foi plausível, e saber que eles podem se comunicar com os humanos é ainda mais instigante. Usar a imagem de um amigo de infância do nerd para se comunicar foi uma atitude bem inteligente desses organismos cibernéticos e também pode significar que estão num estado primário de sua evolução.

O problema dessa ligação é que Aaron não soube aproveitar o presente que recebeu; toda a paranoia do personagem em querer se livrar de tudo aquilo sendo caçado pelos patriotas não só soou uma atitude idiota, mas completamente sem noção. O pior de quebrar essa ligação com os nanobots é que ele pagou por não aceitar seu destino, na verdade a Cynthia pagou.

A namorada do Aaron foi salva no episódio anterior pelos nanobots apenas para morrer de novo neste, foi meio piegas, mas dentro do contexto fez sentido. O assassino era o Dr. Horn, aquele vilão sinistro que estava atrás de Pittman para tentar curar seu tumor que o estava levando a morte. O interessante é que as circunstâncias em que esta situação acontece deixa um gancho que abre um potencial enorme que pode ser trabalhado em futuros episódios.

Eu citei que os nanobots estavam em seu estágio inicial, então é compreensível que não entendam certas atitudes humanas, os roteiristas criam um momento mais do que oportuno para que essa inteligência artificial entre numa crise de consciência por assim dizer, quando o nanobot criança queima todos os patriotas inclusive o Dr. Horn a mando de Aaron, no momento seguinte ele resolve a quebrar definitivamente a relação entre os dois por não compreender a instabilidade do cérebro humano humana.

Acredito que toda essa trama foi para estabelecer o primeiro contato (de muitos no futuro eu espero) entre humanos e nanobots, ainda não se sabe como os produtores farão em relação a esta história, mas desde já fica a expectativa de muita coisa boa vindo por ai. Falando em coisa boa outro ponto positivo deste episódio foi relacionado a Miles, Rachel, Charlie e Monroe, este último, aliás, é um dos destaques do episódio.

A verdade é que Bass Monroe vem sendo o destaque do elenco principal há muito tempo, parece que ao tirar o peso das costas do personagem de ser o grande vilão da série só trouxe benefícios. Os momentos de humor e canastrice que ele trás para o episódio são únicos, principalmente quando o mesmo divide a cena com Miles. Outra relação em que Monroe se destaca é em relação a Charlie, ele deixando a garota na mão e depois voltando para salvá-lá de uma enrascada mostra que o personagem está mudando aos poucos, além do que a química entre Bass e a filha de Rachel está cada dia pendendo para algo que cheira a um começo de tensão romântica, mas ainda não sei se isto será algo bom para a trama, por enquanto está bom do jeito que está.

Os outros personagens que se destacaram, mas com menos emoção na trama foram Miles e Rachel, o tom do plot dos dois estava na medida certa e o flashback que remete alguns anos antes do blackout só deixou a audiência com mais suspeitas de que o tio de Charlie pode ser na verdade o pai de Charlie se é que vocês me entendem. Vale ressaltar também o problema de Miles com a mão infeccionada (que está assim desde o segundo episódio da temporada), aqui tudo se agravou e o personagem terminou sua participação entre a vida e a morte, mas pelo menos com a certeza de que Rachel não vai deixá-lo escapar como fez no passado.

Longe desta narrativa lá do outro lado da trama tivemos Neville e Jason, conseguindo através do comandante Roger Allenford uma carona no trem cheio de patriotas a caminho da capital Washington. Fica claro aqui o objetivo de colocar a trama de Tom perto do grande vilão da temporada que ainda não deu as caras, parece que estão guardando a surpresa só para o ano que vem mesmo. Ainda assim tivemos um inesperado retorno de um personagem que todos julgavam aparentemente morto.

A volta de Júlia do mundo dos não vivos (ironia porque nem lá ela chegou a ir) veio carregada de surpresas, primeiro porque ela nem estava em Atlanta quando as bombas caíram e segundo a mercenária ainda tratou de casar com primeiro milionário que viu no caminho. A personagem nunca escondeu seu jogo e desde a primeira temporada ela sempre teve um gênio forte e uma característica que lembrava uma versão moderna da Lady Macbeth por seu poder de manipular seu marido e todos à sua volta.

O reencontro entre ela e Neville foi um misto de felicidade, sexo e indignação, mas não sei se devido às circunstâncias o pai de Jason vai cair na lábia da mulher de novo. O plot ficou em aberto e promete bastantes possibilidades interessantes. Na verdade “Everyone Says I Love You” é isto, um episódio transitório, redondinho que consegue expor seus objetivos de forma clara e ao parece seus roteiristas sabem aonde querem ir. A trama de Aaron e os nanobots abre uma gama de possibilidades e de longe foi a melhor narrativa apresentada, além de levantar diversos questionamentos.

É bom ressaltar que esta segunda temporada de Revolution no geral está bem consistente e bem estável em relação a anterior. Os produtores estão tratando as tramas com mais cuidado e tudo está se desenvolvendo de forma correta. Apesar de um ou dois episódios menos empolgantes a série soube aproveitar as características que tem de melhor, o mistério, ação e a aventura. Assim espero que as tramas e plots deixados em aberto em “Everyone Says I Love You” continuem o ótimo desenvolvimento apresentado até aqui e com isto a série possa (se a audiência deixar) garantir uma terceira temporada no futuro.

Observações da Revolução:

Rachel e Charlie: Foi ou não foi legal ver a Rachel dizendo “I love you Charlie” para a filha, que retribuiu com um “I love you too mom” Awww! Finalmente essas duas parecem que vão se acertar.

Charlie e Monroe: Essa dupla está cada dia mais legal de assistir quando estão dividindo a tela, a cena em que ficam sobre fogo cruzado só mostra o quanto os personagens ficaram mais legais nesta temporada.

– Melhores frases da Revolução, top 5:

“I’m Batman.” (“Eu sou Batman.”) – Monroe (adoro essas referências nerds da série).

“Smile boy, we’re going to the White House.” (“Sorria garoto, nós vamos para a Casa Branca”) – Neville para Jason.

“All this X-Files weirdness… Not my thing.” (“Todas essas esquisitices de estilo Arquivo X…..não é o meu negócio”). – Miles para Rachel.

“Oh my god, you really have gone soft. You’re like a puppy holding a kitten.” (“Meu Deus, você realmente está ficando mole. Você parece uma boneca segurando um gatinho”) – Monroe para Miles (Bass estava impossível neste episódio).

“I am so sick of your macho cowboy crap…” (“Estou tão cansada dessa porcaria de estilo de caubói macho…”) – Rachel para Miles

Nanotecnologia 1: “Have you ever been in Spring City, Oklahoma? They have the second biggest ball of twine in the world. ”(“Você já esteve em Spring City, Oklahoma? Eles tem o segundo maior rolo de barbante do mundo”), preste atenção neste enigma pois ele pode ser a chave para o mistério dos nanobots, a criança nanobot repetiu a frase duas vezes no episódio e espero que esta seja um enigma para encontrar o ponto de origem desses organismos, então Spring City deve ser a cidade.

Nanotecnologia 2: Agora que sabemos que os nanobots podem se comunicar com os humanos, seria interessante se outras pessoas pudessem ter essa ligação com eles, como o Aaron tem, isso aumentaria a disputa de poder para mocinhos e bandidos entrarem em conflito.

Nanotecnologia 3: No momento que o nanobot criança diz “You woke us” (“Você nos acordou”) temos uma menção direta do Monroe na cena final de “The Dark Tower” (1×20) primeira temporada em meio a um campo aberto observando uma quantidade intensa de raios caindo, aquele como eu previa era o primeiro sinal de que uma força maior havia despertado e mudado o ambiente da Terra.

Falha na divulgação: Eu tenho uma crítica sobre este marketing muito do sem vergonha que deixou seu telespectador no escuro sem saber que este episódio seria o último do ano. Não sei se o canal não está ligando para a série, mas achei uma falta de consideração.

– Revolution volta em 8 de janeiro de 2014. Boas férias de fim de ano e até o próximo episódio.

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