Review | Revolution 1×12: “Ghosts”

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Começo essa review perguntando, como você faria para superar a dor da perda de um ente querido?  Por diversas vezes seriados trazem esse tipo de questionamento, até Revolution já fez isso uma vez e volta agora novamente a abordar o assunto, mas dessa vez muito mais eficiente do que dá primeira e com resultados ainda mais satisfatórios.

O episódio começa de maneira mórbida com enterro de Danny, falecido no episódio passado. Nesta cena em particular notamos o efeito que a morte em cada um do grupo, principalmente Miles, Rachel e Charlie. Esses três, aliás, ganham uma atenção maior do roteiro que se desenvolve de modo que possamos perceber como cada um lida com perda do caçula da família Matheson.

Como eu disse esse assunto de perda já foi abordado antes, quando o personagem da Maggie morreu no episódio quatro “The Plague Dogs”, momento crucial para o desenvolvimento de Charlie dentro da série, naquele instante ela percebeu que deveria ser forte se quisesse resgatar o irmão. Desta vez com a morte do Danny o efeito é bem mais amplo e causa muito mais consequências do que se podia imaginar.

Aqui cada um lida de um modo diferente com a dor, Charlie, por exemplo, segue o caminho mais imprudente querendo ajudar os rebeldes participando de missões perigosas e ainda culpa sua mãe por abandona lá junto com irmão sem dar explicações. Rachel não sabe como lidar muito bem com perda, a personagem parece perdida tentando proteger a filha (em vão) ao mesmo tempo em que tenta reconstruir uma relação familiar quase impossível de existir neste momento.

O roteiro explora muito a relação mãe e filha no episódio, com Miles longe tentando recrutar um velho aliado para guerra contra Monroe, Rachel e Charlie ganham espaço necessário para se desenvolverem, no primeiro ato do episódio as duas estão em constante atrito chegando ao ponto da narrativa quase trazer a versão chata da Charlie de volta, por sorte isso não acontece, talvez por causa do tapa que Rachel aplicou na garota, brincadeiras a parte, no segundo ato é que tudo isso muda com a entrada de um velho fantasma do passado quem vem assombrar Rachel, seu ex-chefe Randall Flyn.

Essa parte de “Ghost” não só explora o passado da cientista, mas tende a revelar um pouco mais da figura do vilão e ex-chefe do departamento de defesa dos EUA. Toda a sequência do ataque de Randall a base dos rebeldes serve para nos trazer algumas respostas interessantes. A primeira é a de que os pingentes na verdade são pen drives, que certamente devem armazenar algum tipo de componente eletroeletrônico capaz de ativar energia ao seu redor, e que provavelmente são uma versão menor do que a tal “Torre” deve fazer em escala global. Outra revelação interessante vem nas cenas em flashback de Rachel e Randall, nela fica ainda mais óbvio que o projeto que os cientistas construíram se tornou uma arma nas mãos do governo norte americano.

Aqui a narrativa dá a entender que as motivações que levaram Randall a usar o projeto como arma veio claramente após ele sofrer com morte de seu filho na guerra no Afeganistão, mais uma vez o sentimento de perda está presente na história e neste caso, as consequências de agir movido por emoções causou todo incidente global do blackout, mesmo com os constantes avisos que Rachel e Ben deram a Flynn em relação a usar a “Torre” como arma sem testes não deram resultado, o fato é que o ser humano tem o defeito grave de fechar em um casulo de emoções para superar alguma tragédia e como sempre a razão sempre sobra nesses casos, de tão racional, acabamos por ser irracionais quando se trata de família e fazemos coisas que em um estado normal de espírito nunca seriam capazes de fazer.

Pode parecer um pouco banal o blackout ter ocorrido por causa de um erro humano e não por causa de algo “fantástico” como muitos pensavam, mas ainda assim acredito que isso seja coerente e plausível uma vez que série explora bastante alguns aspectos da natureza humana, além disso, essa resposta é apenas a ponta do iceberg uma vez que ainda não sabemos como funciona realmente a máquina desenvolvida por Rachel, Grace, Ben e os outros cientistas e qual foi a real consequência que ela causou aos dispositivos eletrônicos de todo o planeta.

Dessa forma tudo se volta novamente para Rachel, à personagem é a chave de todas as respostas e o motivo de Randall usar o exército da milícia para invadir a “echo base” (nome dado à instalação rebelde). Toda a sequência em que ela, Charlie e Aaron ficam encurralados no lugar além de muito boa, serve como base para reconstruir parte da confiança entre mãe e filha, com Charlie agindo heroicamente para salvar sua mãe dos milicianos, ao mesmo tempo em que revela a culpa e a fragilidade que a personagem da cientista demonstra por ter deixado as coisas chegarem aquele ponto.

Partindo para o outro lado da narrativa a história dá ênfase em Miles que naquele momento também está lidando com a perda de Danny, mas do jeito dele, se afastando do grupo e partindo com Nora para recrutar um velho amigo para que assim possam matar Monroe. Para o tio de Charlie agir é um modo de superar um momento difícil como esse, mas é nítido que em suas atitudes e na raiva exacerbada que demonstra dando patadas em todo mundo a sua volta (sobrou até para Nora), mostra que ele não está conseguindo lidar muito bem com a situação.

O antigo “amigo” de Miles é Jimmy Hudson, ao que parece o personagem será recorrente na série daqui a prá frente uma vez que teve um bom tempo de tela e pelo fato de ter um passado como rebelde bem interessante envolvendo também Miles e Monroe. Aqui o título “Ghost” se faz justificável novamente ao mostrar que o passado não fica oculto por muito tempo, Jimmy tentou se esconder e mudar de nome, mas de nada adiantou quando a presença de Miles fez o relembrar quem ele realmente é.

Se roteiro aqui é competente em trabalhar no desenvolvimento dos personagens, só deixa a desejar quando alguns furos ficam perceptíveis ao espectador (como a cena dos dois pingentes com Aaron, posso estar enganado, mas não me lembro dele com mais de um), mas dessa forma o episódio num todo se mostra bem mais consistente que anterior, até nas cenas de ação a série acerta, como a mesma é divida nas duas linhas narrativas, elas tende a prender a atenção do público tanto nas cenas aonde Miles, Nora e Jimmy lutam contra o esquadrão de elite da milícia na pequena cidade de Culpepper, quanto nas cenas do ataque de Randall a “Echo Base” dos rebeldes.

Nos últimos minutos percebemos que algo mudou na relação entre Rachel e Charlie que ao se abraçarem e resolverem seus problemas dão o primeiro passo para uma possível reconciliação. Assim nota-se que “Ghosts” vai além do episódio que trabalha só as consequências da perda, mas um episódio que mostra que pendências do passado nunca ficam enterradas por muito tempo. Miles conseguiu convencer Jimmy a ajudá-lo. Rachel, Charlie e Aaron conseguiram escapar de Randall e seu contingente, mas os perigos aumentam a cada episódio, dessa forma o grupo só terá êxito se estiver unido na luta contra Monroe. Durante todo o episódio Aaron tentou persuadir Rachel a se abrir com ele e parece que finalmente a cientista resolveu ceder a seu pedido, mais do que nunca ela precisa começar a confiar nas pessoas a sua volta uma vez que essa luta é uma batalha de muitos e não de uma pessoa só, Miles começa a compreender este fato por isso está procurando a recrutar seus aliados para formar um exército e atacar a republica Monroe, se essas ações são realmente corretas só o tempo dirá.

Revolution continua apresentando um momento bom e uma segunda metade bem mais objetiva e com muito mais respostas do que se esperava. É com esse tipo de tática que os roteiristas esperam manter o interesse do público na série, dessa forma podemos esperar muitos momentos eletrizantes a cerca da guerra eminente que está por vir entre rebeldes e a republica Monroe, além das revelações finais sobre o mistério que cerca o blackout. Ainda que a série resolva focar em Monroe como vilão principal, fica claro que Flynn surge como uma ameaça crescente e uma vez que ele consiga entrar na “Torre” e obter seu controle as consequências prometem ser catastróficas, definitivamente vale a pena esperar para ver aonde este caminho vai nos levar.

Observações da Revolução:

Echo Base: Claramente o nome da base rebelde é uma referência à outra base rebelde de mesmo nome que aparece no filme Star Wars – Episódio Cinco – O Império Contra-Ataca.

Governador Affleck: Em uma conversa entre Randall e Monroe, o primeiro cita que o nome do governador da Califórnia, que segundo informações seria uma piada interna para em cima do ator Ben Affleck.

“Conan, The Librarian” – A frase mais engraçada e inspirada do episódio foi dita por Miles quando encontrou Jimmy cuidando da biblioteca na cidade de Pulpepper.

Stephen King – Na biblioteca de Jimmy, podemos notar vários exemplares do livro do autor nas prateleiras, o livro que ele indicou a um jovem na cena em questão se chama “The Stand” que tem como enredo o fim do mundo.

Mais Stephen King – Fica claro que Eric Kripke usa a referência do livro “The Dark Tower” do autor para fazer referências a Randall e a tão almejada “Torre”.

Circuitos Elétricos 1: Em uma das cenas na base rebelde Rachel desenha um circuito elétrico baseado circuito integrado localizado na capsula transparente que ela retirou do Danny no episódio passado, nele há várias fórmulas básicas como a da tensão, corrente e resistência, ainda que não expliquem explicitamente qual a função do circuito, dá para notar componentes básicos como resistências, indutâncias e fontes na concepção do mesmo, como futuro engenheiro eletricista não dava para não comentar sobre a cena em questão. (aparece em 10:05 do episódio)

– Pingentes: Neste episódio apareceram quatro, sendo que dois foram destruídos por Rachel e dois permaneceram na posse de Randall e da milícia. Vale lembrar que há mais oito desses espalhados por ai e todos com um localizador.

– Próximo episódio promete fortes emoções, porque ao que parece Neville foi capturado pelo grupo rebelde liderado por Miles, veja a promo abaixo.

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