Finalmente chegamos num ponto onde a série não terá mais paradas, o episódio “QSO” chega para lidar com consequências, levantar novos questionamentos e ainda apontar um caminho de esperança para o “team machine” encontrar a Shaw.
O episódio se passa pelo ponto de vista da Root, a única personagem que ainda não tinha sido explorada como os outros, a narrativa não vai a afundo na sua história, porém os acontecimentos explorado nesta trama traz efeitos pessoais para a hacker quando a “Machine” a coloca em missões para guia-la até um radialista chamado Max Greene, o nosso POI da semana.
A trama envolvendo Greene é mais interessante do que o expectador possa imaginar e acaba se revelando também uma grata surpresa para mitologia da série. O último episódio focado na nossa hacker favorita foi “Root Path ( ∕ )” (3×17), e tenho lembrança de que naquela ocasião ela estava fazendo várias missões para “Machine”, além de recrutar aliados para guerra contra “Samaritan”, então era de se esperar que teria algo interessante guardado para a personagem aqui nesta nova trama.
Devo dizer que as cenas dela no começo se disfarçando para realizar as missões foram no mínimo inusitadas, destaque para a cena em que Root se veste de bailarina para entrar nos bastidores de uma peça, simplesmente hilária. O roteiro consegue manter a narrativa misteriosa, a trama de Max inicialmente parece que não vai levar a lugar algum, até que surge a primeira dica num ruído que o radialista capta durante uma de suas transmissões.
O episódio tem um foco bastante interessante que é lidar com as pessoas paranoicas que são obcecadas por teoria da conspiração, os ouvintes de Max são o maior exemplo disto. Esse tipo de tema que vire e mexe é abordado na série, até hoje não esqueço a frase do Finch “Só paranoicos sobrevivem”, e aqui o tema volta à tona numa trama envolvente e que traz bastante respostas envolvendo as operações do “Samaritan”.
O interessante que apesar do episódio focar bastante em Root, ainda temos espaços para os plots secundários com Fusco e Shaw. Começando a falar pelo plot de Lionel, devo dizer que lidaram bem com o gancho do episódio anterior, apesar do personagem aparecer pouco, o roteiro assinado por Hilary Benefiel consegue dar espaço suficiente para ver as breves reações da equipe em relação ao personagem, destaque para decisiva conversa entre ele e Finch nos últimos momentos da narrativa.
O arco de Shaw continua tendo bastante destaque na trama, a personagem continua lidando com as simulações do “Samaritan”, porém neste episódio as coisas tomam um rumo bastante interessante. Esta narrativa segue sendo muito bem desenvolvida, os planos da inteligência artificial para com Sameen continuam se mostrando menos previsíveis do que poderíamos imaginar, enquanto no episódio anterior tivemos Greer fazendo as vezes de guia, aqui temos Lambert assumindo a missão de persuadir a amada de Root a se juntar a causa deles.
Não há como ficar empolgado com as diversas reviravoltas dentro deste plot, eu não pensava que uma cena tão banal de Shaw matando uma doutora que estava preste a realizar um feito importante, seria parte da distração do “Samaritan” para confundir mentalmente a personagem. A ideia de não saber o que é o não real, é algo difícil de construir dentro de uma plot, mesmo que seja difícil para o público não ligar os pontos, quando olhamos pelo ponto de vista da Shaw é algo mais complicado de perceber, afinal a personagem estava bastante exausta e neste ponto o roteiro acerta em cheio.
Este ponto da narrativa de Shaw se torna crucial para trama que segue Root, que em determinado momento e com a ajuda de Finch consegue perceber que as estáticas durante as transmissões de Max na rádio na verdade eram pulsos eletromagnéticos emitidos para os aparelhos infectados com vírus do “Samaritan” criando uma verdadeira rede global de transmissão, todas criptografadas e mandando sinais para as bases da inteligência artificial espalhadas pelo mundo.
É incrível como POI sabe tornar seus episódios relevantes, a descoberta sobre vírus do “Samaritan” no episódio “Truth Be Told” (5×03), se torna algo bastante importante para entendermos alguns pontos aqui em “QSO”. Os arcos começam a se interligar fechando suas primeiras lacunas e melhor ainda cruzando diversos elementos importantes trabalhados nos episódios anteriores.
Desta forma o terceiro ato do episódio se torna muito bem costurado ao revelar a possibilidade de Root conseguir mandar uma mensagem codificada para Shaw. É claro que as transmissões de Max chamam atenção do “Samaritan” que logo trata de tentar impedir que o radialista divulgue suas suspeitas sobre o código criptografado para o público. As constantes investidas da inteligência artificial ajudam a trazer tensão ao episódio e deixar a narrativa ainda mais eletrizante.
Root liderando a ação funciona muito bem, pois ela além de conseguir decifrar os sinais estáticos, ainda bola um plano para manter Max seguro e ainda arranjar um jeito de enviar uma mensagem para amada. Reese entra neste episódio como coadjuvante, ele e Finch ficam bastante em segundo plano, mas ainda assim são usados como peças de saída do roteiro quando as coisas ficam muito complicadas, o primeiro como artificio da ação e segundo como artificio intelectual.
O ápice da trama é quando Root finalmente manda a mensagem para Shaw, neste ponto a ex-agente está tentando escapar e se vê paranoica ao descobrir que estava no mundo real e não em uma simulação. É curioso como a personagem fica na dúvida se o código enviado pela hacker é real, isto mostra que a personagem ainda se mostrará bem em dúvidas dali em diante, porém ao meu ver a cena em si é feliz conseguir trazer um clima de esperança para Sameen.
Um dos momentos cruciais de “QSO” e talvez meu favorito do episódio é a cena da conversa entre “Samaritan” (utilizando os alto falantes da rádio) e Root, devo dizer que foi um dos melhores momentos do episódio, uma pena que durou tão pouco devido a intervenção de Reese, porém o suficiente para mostrar o quanto nossa hacker manda bem na arte de barganhar.
Os últimos momentos do episódio reservas bons questionamentos para o público, principalmente em relação ao caso da semana. Max no meio de toda essa conspiração acabou absorvendo informações valiosas como o código identificado por Root colocando o personagem ainda mais em risco, devo dizer que gosto da ideia dos “irrelevantes” tomarem a iniciativa de lutar contra um inimigo que eles não tem muita certeza que existe realmente. As intenções do radialista foram as melhores possíveis, porém a cena dele sendo assassinado por “Samaritan” abre uma questão do papel da humanidade nesta guerra.
Finch repreendeu Root por ter deixado o POI sozinho, correndo risco de vida, e ainda ficou mais receoso da “Machine” ter permitido Max se sacrificar pela causa. Acredito que neste ponto a série abre outra um debate sobre livre arbítrio, Harold achou errado terem deixado Max se sacrificar, Root por sua vez afirmou que Max sabia dos riscos quando resolveu falar na rádio, pessoalmente acredito que ambos estejam certos pontos, porém errados em outro. Max tinha sim uma escolha, porém uma vida é sempre uma vida, a premissa da série sempre foi salvar aqueles que não podem se salvar, é claro as circunstâncias são mais complicadas, mas ao meu ver as possibilidades não tinha se esgotado totalmente.
Em conclusão devo dizer que o episódio “QSO” é um pedaço importante da quinta temporada, um episódio que adentra a mitologia de POI e traz informações cruciais na guerra contra “Samaritan”. Guerra essa que está dividindo o grupo (Fusco foi a primeira baixa ao deixar a equipe) e que deve se intensificar mais e mais. A narrativa é bastante dinâmica e não perde qualidade ao dar um pouco mais de espaço para Root, a direção é bastante competente e consegue trabalhar bem o plot principal e a interligação com os plots secundários, tornando este um dos melhores é mais sólidos episódios da temporada até agora. No parágrafo anterior POI abriu a questão e deixo agora para vocês responderem, até que ponto vale a pena salvar uma vida? Vale a pena alguns sacrifícios pelo bem maior?
Observações de Interesse:
– QSO: o título que dá nome ao episódio é descrito como um código de rádio amador usado por um operador que deseja fazer um primeiro contato com outro operador. O operador que recebe envia um breve sinal de volta antes de começar uma conversa mais longa. Esse tipo de comunicação foi usada amplamente por marinheiros, por equipes de resgate, para aviação pessoal, dentre outros órgãos.
– Nova abertura: Com tanta coisa para comentar, esqueci de elogiar a nova abertura da temporada com as narrações em off de Finch e Greer, caramba é de arrepiar como as frases se complementam e como a voz do segundo é ameaçadora em relação ao primeiro.
– Root, a bailarina (das mesmos criadores de Harold, o cantor): Uma curiosidade sobre a fantasia de Root, segundo a roteirista Hillary Benefiel foi uma ideia da Amy Acker para a personagem.
– Missão – Zemaitija Parque Nacional: Agora que a Root está se comunicando com a “Machine” de novo, espero bastante novidades dessas missões dela. Essa em Zemaitija me deixou bastante curioso, ainda mais quando envolve o roubo de um míssil Dvina Silo.
– Melhores frases do episódio:
– “The Machine can tell us where to go, who’s in trouble, but we still have free will”(“A “Machine” pode nos dizer aonde ir, nos dizer quem está em perigo, mas nós ainda temos o livre-arbitrio.”) – Root para Harold
– “You keep going off half-cocked like that, you’re gonna get yourself killed.” (“Se você continuar saindo assim engatilhada, você vai acabar se matando”) – Reese para Root
– “After everything that happens, you and John still can’t show some respect and tell what the hell is going on. No, I’m done” (“Depois de tudo que aconteceu, você e o John ainda não conseguem me mostrar o devido respeito e me contar o que diabos está acontecendo. Não, eu cansei”) – Fusco para Finch (Ouch!!!)
Leia a review do episódio 5×08.