Depois de um episódio fundamental para temporada como foi “6,741” (5×04), esperava-se que este novo episódio diminuísse a tensão da série com uma trama mais leve, mas eis que Person of Interest não desacelera em sua última temporada. Aqui em “ShotSeeker”, o seriado trabalha várias narrativas, dá um espaço considerável para Fusco e ainda traz informações importantes na luta contra o “Samaritan”.
Eu citei no episódio “Truth Be Told” (5×03) que os casos da semana de POI, são interessantes quando estão ligados aos personagens principais, ou à mitologia da série, desta forma o quinto episódio se encaixa na segunda opção, com caso do POI da vez o “shotseeker” (“apanhador de tiros”) Ethan Garvin, que trabalha numa central especializada em ouvir e identificar (feita através de um software) ocorrências de tiros. Este tipo de trabalho não é comum, por isso torna tudo envolvendo a trama de Garvin bastante interessante.
O episódio na verdade foca na conspiração por trás do sumiço da estudante Krupa Naik que foi levada de seu apartamento a força. Os tiros vindo do apartamento da estudante foram ouvidos por Garvin e desta forma o mesmo resolveu investigar o sumiço da moça, depois que o sistema automático indicar que não havia ocorrido tiros no local. É neste ponto que a narrativa fica interessante, porque ele convence Reese (ou detetive Riley) a ajuda-lo na empreitada.
Essa narrativa principal se desenvolve muito bem, somos levados a acreditar que duas empresas de alimento rivais estão envolvidas no sumiço de Krupa devido a sua linha de pesquisa. Não sei se existe algum artigo nessa área (provavelmente sim), mas a ideia de usar o processo de desidratação de alimentos fresco e convertê-los em pó para estender a vida dos mesmos em dois anos é inovador, para não dizer genial.
Genial também foi o roteiro assinado por Andy Callahan que consegue mostrar que tem algo mais por trás da conspiração, nesta altura do campeonato sempre pensamos que o “Samaritan” está envolvido de alguma forma em praticamente tudo. E aqui não é diferente, só estranhei o tempo que o Finch levou para perceber que a I.A. do mal estava por trás do ocorrido.
Antes de falar da reviravolta do terceiro ato, vamos falar um pouco do arco secundário envolvendo Fusco e o amigo de infância do criminoso Elias, Bruce Moran. A última aparição do personagem foi no episódio “The Devil You Know” (4×09), e desde então Moran permaneceu escondido, voltando à cena aqui neste episódio para descobrir quem matou amigo. A trama a princípio serve como um plot para Reese e Fusco, e em alguns momentos parece sem propósito definido, a não ser talvez para testar ainda mais os nervos de Lionel.
Falando no personagem, como sempre interpretado com destreza por Kevin Chapman, temos uma evolução do arco dele que começou lá em “B.S.O.D.” (5×01), mas que aqui encontra-se no ápice. A presença do plot com Bruce, traz mais uma vez à tona questão da confiança de Fusco em relação ao resto do “team machine” e isto é amplificado quando “Samaritan” entra em cena na trama principal.
Eu comentei que não gosto como Reese e Finch negligenciam a parceria deles com Fusco, que sempre foi leal e sempre ajudou a equipe em seus piores momentos. Porém neste episódio os roteiristas meio que dão uma compensada nisso, fazendo Reese ameaçar Bruce Moran para proteger Lionel e ainda mostrando nosso “Man in the Suit” agradecendo depois que esse coloca toda o departamento de polícia para procura-lo em um determinado momento do episódio.
Gostei do desabafo do Fusco para Finch em relação a deixa-lo no escuro, espero que depois disso revelem logo para o personagem a verdade sobre a existência da “Machine” e do “Samaritan”, porque o segundo já começou a monitorar nosso detetive como possível obstrução a suas ações futuras
O episódio chega no seu ápice quando a narrativa envolvendo Garvin e sua busca, colide com o subplot de Bruce Moran. Devo dizer que a direção do novato na série Maja Vrvilo consegue ser eficiente em deixar em dúvida quem havia sequestrado Reese quando este é pego em uma emboscada após perseguir um suspeito.
As intenções do “Samaritan” em pegar o artigo de Krupa escondido num pendrive como forma de apagar a única ponta solta de seus planos, foi interessante para revelar que Jeff Blakwell que apareceu sendo recrutado como agente em “SNAFU” (5×02), servia apenas como um peão no jogo da inteligência artificial sem fazer ideia do porque foi contratado para tal missão de pegar o tal artigo.
Em meio a estes jogos conspiratórios, devo dizer que gosto de como a resolução dos dois plots fluem bem na narrativa, enquanto Finch e Root descobrem uma forma de evitar que “Samaritan” continue mandando agentes para matar Garvin (liberar o artigo na internet em diversas fontes foi uma boa ideia), o plot com Reese e Bruce Moran chega ao fim revelando a melhor surpresa do episódio, Elias.
O fato do mafioso estar vivo se mostra uma boa jogada do roteiro, dando um peso a mais a história. Fiquei bastante impressionado como a volta dele traz um paralelo interessante entre o passado e presente da série. Quando vemos Carl na cama, debilitado e com semblante derrotado, notamos como a era das máfias e organizações criminosas se tornaram um eco no passado de POI, nas quatro primeiras temporadas elas eram o principal problema enfrentado por Reese e companhia, mas agora deram lugar a algo ainda mais perigoso e ainda mais eficiente tecnologicamente como Elias mesmo confidenciou a seu amigo a cena de sua aparição.
Esse perigo representado por “Samaritan” cresce cada vez mais, após a “Correção” a inteligência artificial parece ainda mais implacável se infiltrando em todas as camadas da sociedade, ainda fico assustado dela ter forjado as provas que incriminaram uma das empresas de alimento aproveitando o histórico corrupto da mesma. Essa inteligência artificial acha brechas e encobre seus rastros, algo que Finch e Root ficaram até na dúvida na hora de interferir em seus planos, não sabendo exatamente as reais intenções da conspiração toda envolvendo a pesquisa da estudante Krupa Naik.
O caso da semana apenas mostra que “Samaritan” será uma ameaça difícil de ser batida. Enquanto a narrativa seguia em duas frentes, havia um terceiro plot com Finch e Root que começava a dar a primeira dica do que pode ser um pequeno avanço na pesquisa de destruir a inteligência artificial. Esse plot deixa claro que não será nada fácil para “Machine” bater de frente com “Samaritan”, vide a experiência que Finch fez ao coloca-las frente a frente para se enfrentarem durante simulações dentro de uma gaiola de Faraday, o resultado não foi muito animador.
Achei estranho Harold afastar Root o máximo possível desse experimento, mas algo que parece ela sabe que o sistema básico da “Machine” não será capaz derrotar “Samaritan” a menos que ganhe armas para isso. O texto aqui dá entender que Root é a terceira peça para virar o jogo, mais do que nunca a personagem entende o problema, Harold sabe implementar, e a “Machine” entra sendo o lado que fecha a pirâmide, algo me diz que os três precisam trabalhar juntos se quiserem ter uma chance.
Desta forma podemos dizer que “ShootSeeker” é um ótimo episódio, mantém o nível alto estabelecido na premiere com muito dinamismo e sem nunca perder o foco. A trama do episódio pode não ser tão brilhante quanto em “SNAFU” e “6,741”, mas consegue trazer à tona os problemas que a equipe deve enfrentar mais para frente, como o crescimento exponencial do poder do “Samaritan”, a possível ameaça que ele trará para vida Fusco, que mais do que nunca não pode ficar mais no escuro investigando por contra própria, além de soluções como a tentativa de Finch de achar uma brecha no sistema de seu antagonista, e a grata surpresa do retorno de Elias, que espero muito que esteja envolvido futuramente na batalha final junto com Reese e os outros.
Observações de Interesse
– ShotSeeker: O nome do episódio e o nome do sistema “ShotSeeker” foi baseado no sistema existente chamado “ShotSpotter” um sistema que detecta tiros na vida real em mais ou menos 90 cidades ao redor do mundo. O Brasil tá precisando de um sistema desses urgente.
– Sistema de desidratação de comida em pó: O sistema de desidratação mencionada no episódio foi baseado num experimento real de um grupo de estudantes da Suécia que consegue estender a vida útil desses tipos de alimento em dois anos.
– A batalha das simulações: Aquele experimento que o Finch fez ao colocar as duas máquinas para se desafiarem dentro da gaiola de Faraday, basicamente foi utilizar o código com vírus do notebook roubado pela Root no episódio “Truth Be Told” (5×03), para criar um mini clone do “Samaritan” para desenvolver série de guerras cibernéticas através de simulações contra a “Machine”, mas a máquina de Harold apanhou 10 bilhões de vezes em 10 bilhões de simulações realizadas. Já podemos jogar a toalha?
– Root em campo: Gostei de botarem a Root para participar do caso da semana nesse episódio, aliás, a cena dela com Blackwell foi muito boa, principalmente na parte que ele apanha.
Melhores Frases do episódio
– “There is a new player out there, an adversary we can’t beat, and one we best not try and fight.” (“Existe um novo jogador lá for a, um adversário que não podemos deter, e que é melhor não tentarmos lutar) – Elias para Bruce
– “A child, your child needs to learn to push back on the playground!” (“Uma criança, sua criança precisa aprender a empurrar de volta no parquinho”) – Root para Finch
– “You wanna talk about loyalty? I’ll kill you myself if you ever go near Fusco again.” (“Você que falar sobre lealdade? Eu mesmo vou matar você se chegar perto do Fusco de novo”) – Reese para Bruce
– “You stuck your neck out for me and we appreciate it. Thank from all of us” (“Você colocou seu pescoço em risco por mim e nós apreciamos o que você fez. Obrigado de nós todos”) – Reese para Fusco
– “The Machine is infinitely smarter than us…if anyone is to re-code the Machine, it should be the Machine” (“A Machine é infinitamente mais esperta que nós…se alguém precisa recodificar a Machine, deve ser a própria Machine para fazer isso.”) – Finch para Root (espero que a Machine tenha escutado a conversa)
Essa semana teremos três episódios seguidos.