Review | Person of Interest 3×21: “Beta”

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Primeiramente, devo dizer que gostei do episódio e fiz questão de assistir duas vezes para não ser injusto ao apontar algumas considerações que me incomodaram na narrativa. O episódio “Beta” tem um visual intrigante e nos leva a acompanhar sua trama através dos olhos vigilantes do Samaritan que tem aqui seu primeiro teste online fazendo do “team machine” fugitivos em seu próprio ambiente, numa caçada em plena Nova York.

A trama em si gira em torno da POI da semana e alvo principal da Decima, Grace Hendricks. A personagem é uma das participações mais festejadas pelos fãs de POI e a que de longe trás bastante da mitologia da série à tona, principalmente tudo que envolve a pessoa de Harold Finch. O episódio faz questão de explorar bastante do passado de Hendricks, mas o roteiro aqui é certeiro em mostrar que tudo aqui é plantado de forma gire em torno do paradeiro Finch, ou seria Harold Wren, ou Harold Martin como Grace o conhecia, enfim mesmo fora da narrativa em boa parte do tempo o personagem é quem é parte fundamental da história.

“Beta” é um episódio cauteloso e ao mesmo tempo esperto, ele entrega apenas o necessário, puxa as emoções certas nos momentos certos, adiciona um pouco de ação e humor nessa mistura, mas ainda assim não se caracteriza como um episódio memorável de Person of Interest, é um capítulo de preparação cheio de mitologia com inimigos cada vez mais próximos de atingirem seus objetivos, mas o roteiro prefere ser menos ousado, provavelmente deixando a adrenalina para os dois últimos episódios que estão por vir, assim acaba deixando aquela sensação que tudo poderia ter sido bem mais emocionante.

Ainda que esses detalhes sejam os pontos baixos aqui, eles não são suficientes para sobressair tamanha qualidade da trama tratada, mesmo sendo menos polido o episódio mostra a que veio logo já nos primeiros minutos. É interessante notar que se passou uma semana desde o fim dos eventos de “Death Benefit” (3×20) (a verdade é que já naquele episódio vemos um salto temporal nas últimas cenas), Reese e Shaw continuam seu trabalho de salvar vidas, mesmo com ausência de Finch (provavelmente ainda abalado pela decisão da “machine” matar pessoas), mas as coisas começam a ficar interessante mesmo quando Root entra na jogada.

É importante ressaltar antes de falar desse trio, como o roteiro aproveita o fato do Samaritan ter os mesmos “feeds” que a “machine” para mostrar como o gigante da Decima trabalha para localizar terroristas utilizando diversos recursos, ainda que limitado em alguns aspectos, mas eficiente no contexto geral. Devo destacar que a produção realmente mandou bem nas animações da segunda “machine”, os aspectos mais envelhecidos do jeito que ela enxerga ou marca seus alvos parecem algo saído dos anos 80 ou 90, mesmo assim tendo um aspecto de novo no ar.

Com Samaritan enxergando o mesmo que a criação de Finch, tudo fica mais complicado para Reese, Shaw e Root que se veem a todo momento sendo perseguidos ou encurralados pelos agentes da Decima que parecem surgir de todos os lugares. Quando Grace Hendricks entra na narrativa, o episódio estabelece-se como uma briga de gato e rato pelas ruas de Manhatan, sendo a personagem o prêmio a ser protegido ou resgatado dependendo de com quem ela esteja. Dentre essas diversas perseguições, a que merece mais destaque é a sequência no departamento de polícia com Fusco e resto do “team machine” tentando proteger a amada de Harold, as cenas são um misto de ação e humor que só POI sabe fazer.

Voltando a falar novamente especificamente de Grace, gostei do tratamento que deram a personagem no episódio e ainda conseguiram o feito de não destruir a relação sincera que ela construiu com Harold. O episódio trás algumas informações interessantes sobre a personagem através de flashbacks que proporcionam momentos importantes, a começar pela sequência do funeral de Harold. A história de amor de Grace e Harold é trata de uma forma tão cuidadosa que mesmo correndo o risco de tudo ser revelado a qualquer momento devido às circunstâncias, o roteiro dá um jeito de tirar coelhos da cartola e o principal deles é o tratamento de Greer a essa situação toda, mostrando um pouco do lado humano do personagem.

Um dos pontos altos de “Beta” é exatamente na cena de interrogatório entre o vilão e Grace, dentre toda aquela conversa polida que conhecemos do personagem, o que se vê aqui é um cuidado em apenas conhecer mais de Harold Finch, extrair apenas o que ele significou na vista desta mulher sem revelar muito seus verdadeiros motivos, pode se dizer então que há até um cavalheirismo do líder da Decima em relação a seu adversário, isso fica evidente na cena final da troca com Grace com olhos vendados para que ela não visse Finch no local.

Outro destaque da cena do interrogatório foi ver como Grace acredita nas verdades ditas por Harold, vê-la dando seu discurso para Greer me fez ter um pouco de receio pela personagem, caso ela venha descobrir no futuro tudo que Harold escondeu dela esses anos todos, o fato que é que ela parece ter noção de que tudo aquilo tem haver de alguma forma com seu amado, talvez em seu subconsciente ela saiba ou desconfie, mas escolheu não manchar a memória de tudo aquilo que foi construído com amor dos dois. Assim vale ressaltar o trabalho de Carrie Preston aqui, sua Grace carrega uma grandeza e sensibilidade que somente atriz poderia demonstrar nessa situação.

Voltando ao alvo principal do episódio, temos aqui uma ausência de Finch no decorrer de quase todo episódio como citei antes, mas o roteiro assinado pela dupla Dan Dietz e Sean Hennen nunca se esquece do personagem mostrando ao público que mesmo com a vida de Grace em perigo, uma coisa era inevitável, Finch seria a chave para soltar a senhorita Hendricks de seu cativeiro. Mesmo que Reese, Shaw e Root tenham passado boa parte da narrativa tentando protegê-la e mais tarde regasta-lá, tudo em algum momento seria direcionado para Harold e quando isto aconteceu não faltaram momentos importantes para o desfecho do episódio.

Dessa forma chegamos ao clímax da narrativa, no final das contas “Beta” serviu exclusivamente para demonstrar uma parcela do poder do Samaritan e para que a Decima fosse bem sucedida em capturar Finch, utilizando Grace como isca ao mesmo tempo em que demonstrava o poder de sua máquina para o senador Ross Garrison (participação breve) que parece ter gostado do que viu. Como eu citei no começo da review, os roteiristas escolheram seguir um caminho mais cauteloso, diminuindo seu ritmo para não entregar muito do que está por vir, sendo assim temos um bom episódio, que poderia ter sido mais do que demonstrou, mas sem perder muita qualidade em relação aos anteriores.

O “team machine” tentou e mesmo com a ajuda de Root não conseguiu conter os planos da Decima que agora tem em mãos Harold Finch. Ainda não sabemos o que Greer quer com o criador da “machine”, mas boa coisa não deve ser, afinal depois de ter todo esse trabalho para encontrá-lo não acho que ele planeje apenas destruir a criação de Harold, estamos falando de plano arquitetado durante anos e que será revelado de forma definitiva nos dois últimos episódios da temporada (agora sem hiatus). Ao menos sabemos que há esperança, afinal Reese prometeu que irá atrás de Finch e olha que o “man in the suit” se saiu muito bem ocupando o lugar do amigo como líder da equipe durante boa parte deste episódio, sem falar que ainda temos Root, que conseguiu roubar sete servidores do Samaritan escondidos em um cargueiro que podem significar uma vantagem para “machine”.

Enfim a equipe pode até ter perdido a primeira batalha, mas está longe de perder a guerra, lembrando que ainda tem várias peças a serem encaixadas neste tabuleiro, como a possível participação dos necessários recrutados por Root no decorrer desta temporada, sem falar que Os Vigilantes ainda estão lá fora e podem surgir como o grande trunfo nesse meio complicando ainda mais jogo. Então se “Beta” quebrou um pouco o ritmo alucinante que a reta final vinha ganhando, acredito que foi para que tivéssemos um respiro antes do que promete ser o melhor final de temporada da série até agora.

Observações de Interesse (Versão Beta)

Team Machine: Apesar da equipe ter sido pouco citada individualmente na review, devo dizer que todos tiveram um papel importante na narrativa, ainda que Fusco tenha aparecido mais tarde ele ainda conseguiu contribuir para ajudar Reese e Shaw a esconder Grace durante um tempo na delegacia.

Team Machine 2: Ainda falando da equipe vai destacar a posição de Reese como líder da equipe, ainda que Root surja como cérebro da operação aqui, John ainda é aquele faz o grupo funcionar. Shaw aparece aqui como a mulher da ação e funciona melhor quando divide a cena com Reese ou Root.

Finch e Grace: A história dos dois foi ponto crucial da narrativa, mas ambos praticamente não tiveram contato o episódio inteiro, fazendo a cena na ponte quando ambos se tocam ainda mais importante e emocionante. Não sei vocês, mas gostaria que esses dois se reencontrassem no futuro, quem sabe no series finale de POI no futuro.

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Tão longe e tão perto ao mesmo tempo.

Beta: é a segunda letra do alfabeto grego, mas em linguagem computacional beta se refere à versão teste final de um software ainda incompleto, ou simplesmente é quando se faz um teste em um software ou hardware.

Fritando as câmeras de segurança: Adorei a cena em que a Root utiliza-se de bobinas indutivas para fritar o sistema de segurança da delegacia, induzindo uma corrente maior na intenção de esquentar o cobre dos fios.

Erro de Continuidade ou detalhe? – O beta teste foi concluído por volta das 11:20 da manhã, mas na cena inicial o assistente de Greer cita que estavam online fazia quatro horas e naquele momento estava marcando 00:12 da noite, sendo então que o início do teste se deu entre as 20:00 e 21:00. O detalhe é que depende do ponto de vista em que você analisa a situação, o beta teste poderia ter sido pré-programado para terminar antes, mas acredito que enquanto a NSA fornecesse acesso aos “feeds” o Samaritan continuaria conectado, então no momento que Garrison encerrou a conversa com Greer ele provavelmente deve ter feito a ligação para cortarem o acesso.

– Tulipas Brancas: Não sei se perceberam, mas Grace deixou tulipas brancas no enterro de Harold durante o funeral, não sei se é coisa da Bad Robot, mas talvez esta cena seja uma pequena homenagem a Fringe, afinal tulipas brancas lembram Walter Bishop.

Machine: Tem coisa mais legal do que a “machine” se protegendo e cobrindo seu sistema antes que Samaritan entrasse na rede, saca só a imagem abaixo.

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Finch e Greer: Duas das mentes mais inteligentes da série frente-a-frente, aqui pode se ver a prévia do confronto verbal dos dois, estou ansioso para ver o resto da conversa.

Melhores frases, top 5:

                “Who died and made you Finch?” (“Quem morreu e te nomeou o novo Finch?”)Shaw para Reese

“Just remember, what our machine sees, Samaritan sees. Two gods playing with the same deck of cards.” (“Apenas se lembrem, o que nossa “machine” enxerga, Samaritan enxerga. Dois deuses jogando com o mesmo deck de cartas”) – Root para Reese e Shaw

“What is going on? I barely believe this is a police station!” (“O que está acontecendo? Eu mal acredito que isto seja realmente uma delegacia de policia!”) – Grace para Root e Fusco

“I’m sick of hiding. Let’s make some noise,” (“Estou cansada de esconder. Vamos lá fazer algum barulho.”) – Shaw para Reese

“Chin up kids, we’re not out of the game yet. Trust me,” (“Queixo para cima crianças, nós ainda não estamos fora do jogo. Confiem em mim”) – Root para Reese e Shaw

– No próximo episódio as coisas prometem esquentar prá valer, veja a promo abaixo e segure firme, pois a viagem promete ser alucinante.

https://www.youtube.com/watch?v=0qxqVs5edBg

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