Review | Person of Interest 3×15: “Last Call”

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Agora assim Person of Interest conseguiu me deixar empolgado durante quarenta minutos, depois de um longo hiatus, a série volta com força total mostrando que com um bom roteiro, cenas de ação e suspense, se consegue fazer um episódio redondinho e ainda deixar aquele gostinho de quero mais. “Last Call” tem a mesma estrutura do episódio anterior, mas ao contrário de “Provenance” este consegue aproveitar as características de POI de uma forma melhor.

Um dos pontos positivos para que este novo episódio seja tão bom é mais pelo fato do caso da semana ter sido mais bem construído e usado de tal forma que um novo jogador fosse introduzido no jogo por assim dizer. Eu reclamei de “Provenance” não ter nenhuma história paralela correndo por fora da narrativa, o mesmo poderia ser um ponto baixo aqui, mas os roteiristas aprenderam a lição e construíram uma trama meio que introdutória, que chega a lembrar de diversos episódios da primeira temporada, em especial “Root Cause” (1×13), criando um novo arco para ser trabalhado mais para frente.

É normal que os produtores desacelerem um pouco para criar novas tramas, afinal com a finalização do arco da H.R., a ausência de um arco com Elias ou até mesmo enquanto a trama da Decima, Vigilantes e do Samaritan não dão as caras na narrativa é preciso manter o “team machine” ocupado salvando vidas de irrelevantes e evitando que vilões como deste episódio causem tragédias. O caso da semana gira em torno de uma operadora do 911 (o 190 norte americano para chamadas de emergência) que se torna vítima ao sofrer uma ameaça de uma voz misteriosa que pretende matar uma criança caso ela não cumpra suas exigências.

O mais interessante deste caso é que finalmente a equipe de Finch cruza o caminho dos operadores de emergência policial, desta forma o roteiro trata de fazer diversas comparações com trabalho feito por Harold e o trabalho realizado por essas pessoas. Outra característica do texto assinado por Dan Dietz que escreveu os excelentes “Trojan Horse”(2×19) e “Mors Praematura”(3×06), é que a narrativa se divide em duas frentes para depois se interligar em determinado ponto, assim como ele fez no episódio já citado no começo da temporada tudo acaba direcionar todos para um mesmo caminho.

A primeira narrativa acompanha Finch em campo infiltrado na Call Center para ajudar a operadora Sandra Nicholson, deixando Reese e Shaw mais como investigadores. A história aqui é mais submissa às vontades do vilão da história, que parece ter o controle de tudo, desde os movimentos de Sandra até o controle de diversos eventos que ocorrem a seguir. Essa voz misteriosa conseguiu trazer a tensão necessária ao episódio, além de momentos que fizeram o “team machine” correrem contra o tempo para salvar as possíveis vítimas.

As comparações deste vilão com Root são inevitáveis, até porque esse novo nêmesis se assemelha muito a Finch assim como a hacker no início, aliás, o episódio em si dá essa impressão de estarmos lidando com uma versão malvada de Harold, como Shaw mesmo disse em certo ponto da narrativa. Ainda assim no final acabou que essa voz misteriosa se assemelhou um pouco ao jeito de trabalhar do mercenário Alastair Wesley (vilão que apareceu no começo da segunda temporada), já que este foi contratado para fazer um trabalho para uma empresária de uma grande empresa privada a fim de evitar que um grande escândalo viesse a público.

Falando nessa grande empresa, chegamos assim na outra parte da narrativa que é focada no detetive Fusco. Devo dizer que fiquei feliz com o quão popular o detetive se tornou depois de levar Simmons à justiça, agora ele é respeitado por todos que agora a todo o momento necessitam de seus conselhos profissionais sobre casos policiais. Eu percebi também que além desse reconhecimento, eles estão tentando criar uma relação parecida com a que criaram para Carter e o parceiro novato dela no começo da temporada, mas agora para o Lionel, só que sem a raiz corrupta da H.R. por trás, acho que pode ser benéfico para o detetive.

É interessante como o roteiro consegue costurar e ligar naturalmente o caso de assassinato que Fusco e seu parceiro estavam investigando, com a história de Finch e da operadora da central de emergência. Ainda que a narrativa não escape de alguns pequenos furos como o problema de apagar ou não os arquivos (Finch poderia ter copiado para algum lugar), mas nada que chegue atrapalhar a trama como um todo. Dessa forma chegamos ao clímax de “Last Call” que trás consigo algumas questões importantes que devem ser explorada nos próximos episódios. A primeira questão vem da parceria entre Reese e Shaw, é fato que os acontecimentos anteriores tiveram um efeito profundo em John, sua personalidade neste episódio se mostra fria e imprudente, vide a cena que ele não quer esperar a cobertura de Samantha no resgate do garoto sequestrado.

A questão com Reese é bem mais complexa do que foi apresentado neste episódio e essa frieza latente é nada mais do que um reflexo do antigo agente CIA que o personagem era voltando à tona, ainda que o John que conhecemos esteja ali em alguns momentos (vide a cena do bar). O maior problema aqui é que isto pode afetar a equipe seriamente, acabando por colocar Finch e os outros em perigo, por enquanto foi apenas uma faísca, veremos como o personagem irá se porta daqui em diante.

A outra questão é relacionada à Finch, eu citei que o roteiro traça vários paralelos comparando ele ao vilão do episódio e devo dizer que o personagem apresentou bons momentos aqui, em especial à cena final que ele ameaça um indivíduo no melhor estilo Ben Linus se é que vocês me entendem. A relação que ele criou com a vítima Sandra Nicholson foi interessante e gostaria que a personagem voltasse para uma participação, pois devo dizer que a atriz Melissa Sagemiller fez um bom trabalho e ao contrário da vítima do episódio anterior, esta conseguiu criar certa empatia com público.

Pode-se dizer então que “Last Call” é uma retomada aos trilhos de Person of Interest, não que a série tenha saído, mas ela apenas deu uma desacelerada planejada (e uma perda de qualidade momentânea) e nada como um episódio na medida e bem executado para dar ânimo ao restante da temporada. A dinâmica trabalhada aqui deu espaço para todos do “team machine” participarem da ação, em especial Fusco e Finch, este último principalmente afinal o surgimento desse novo vilão parece que trará um desafio à altura da mente brilhante dele. O episódio foi tecnicamente correto (não brilhante, mas bom) e por muitas vezes repito lembrou alguns episódios da primeira temporada no que diz respeito à construção de arcos e inserção de novas ameaças, particularmente são estes episódios que mostram que os produtores de POI sabem muito bem o que estão fazendo e que uma das características que fazem a série única é sua capacidade estratégica de criar novas histórias.

Observações de Interesse:

– Last Call: Se refere ao jargão usado pelos operadores de emergência quando recebem ligações através do número 911.

Samantha Shaw: A personagem participou da ação e assim como Reese se limitou a isso, mas mesmo assim Shaw foi responsável pelas melhores frases do episódio.

Novo vilão: Depois que o episódio foi exibido, surgiu vários nomes para o novo vilão introduzido na narrativa de POI, são eles: “The Voice” (vai gerar piadinhas com reality show), outros sugeriram “Ghost” e ainda teve alguns que disseram que poderia ser “The Invisible”. E você, qual o nome você sugere para o novo inimigo do “team machine”?

Bear: Este episódio teve apenas uma menção do Reese ao cachorro e ainda esse foi um dos poucos episódios que a biblioteca do Finch não foi mostrada.

P.S.A.P: A sigla significa Public-Safety Answering Point (“Ponto de atendimento público e segurança”) e está relacionada a call center responsável por responder chamadas para a polícia, corpo de bombeiros e serviços de ambulâncias. As ligações são recebidas através do número de emergência ‘911’.

Momento Finch: Já que Reese ficou devendo um pouco, vamos homenagear o Harold, que mandou bem prá caramba naquela cena final.

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“Tudo que eu tenho que fazer é derrubar isto na água, e dentro de três segundos, os músculos em seu coração começaram a fibrilar.”

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“Agora eu não sou um homem violento….” (Apenas quando é necessário, não é Harold?)

Top 4 Melhores Frases do Episódio:

1“There is no ‘dead’ in team” (“Não existe ‘morto’ em equipe”) – Shaw para Reese

                2 – “So basically, Finch, he’s you. If you were evil” (“Então basicamente, Finch, ele é você. Se você fosse do mal”) – Shaw para Finch

                3 – “Under desk, surrounded by monitors, helping people in danger, what thinks you missing is the dog” (“Sob a mesa, cercado de monitores, ajudando pessoas em perigos, a única coisa que está faltando é o cão”) – Reese para Finch

                4 – “You, however, are another story entirely. Be seeing you.” (“Você, no entanto, é uma outra história inteiramente. Vejo você por ai”) – Homem no telefone para Finch

– No próximo episódio teremos a volta da mitologia de Person of Interest com força total, veja a promo abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=Gc0uYqFHUuw

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