Review | Person of Interest 3×06: “Mors Praematura”

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É galera, Person of Interest não pára de se superar. Sabemos da capacidade do seriado de sempre se manter depois de um episódio eletrizante (exemplo “Prisoner’s Dilemma” 2×12 para “Dead Reckoning” 2×13), mas desta vez através de uma pegada bem mais inteligente o sexto episódio desta temporada conseguiu adicionar mais uma peça em sua rica mitologia de uma forma que ajudará a série a explorar novos caminhos dentro de sua própria premissa.

A grande sacada do episódio foi focar em duas narrativas principais e apenas um subplot, além disso, “Mors Praematura” consegue usar a mesma tática de “Razgovor” ao conseguir de forma natural cruzar os arcos desenvolvidos na trama, mas só que desta vez tudo acontece de uma forma muito bem orquestrada pelo ser mais poderoso do seriado, que agora livre para poder tomar suas próximas decisões começa apresentar o próximo passo de sua evolução.

Desde o episódio “God Mode” (2×22), passando pelo episódio “Liberty” (3×01) até chegar neste, o público não tinha certeza de extensão do poder da criação de Finch como organismo cibernético livre até então. Tudo que sabíamos vinha principalmente através da comunicação que ela criou com a Root, algo que nunca tínhamos visto antes na série. Ainda assim só agora os planos da “machine” começam a ficar claros e a influência dela é tão forte que chega a ser assustador o modo como ela consegue fazer com que tudo flua ao seu bel prazer na intenção de salvar não só um irrelevante, mas também um “necessário”.

Este episódio também marca a entrada de uma terceira categoria na programação da máquina. Além ter expelir os números relevantes e irrelevantes como habitual agora a “machine” também libera números chamados “necessários”, que como neste episódio leva a crer que esta categoria tem um sentido de autopreservação dela mesma, basicamente um tipo de proteção contra possíveis ameaças.

Antes de falarmos dessas tais ameaças, vamos falar um pouco dos dois casos da semana começando pela narrativa de Reese e Finch. O roteiro assinado por Dan Fietz (escreveu episódios como “2πR” (2×11) e o genial “Trojan Horse” (2×19) com Erik Mountain) é esperto por conseguir deixar a revelação da missão de Root e Shaw em segredo até a metade do episódio, com isso ele trabalha o caso da semana apostando em Finch trabalhando em campo e Reese seguindo um caminho separado tentando rastrear o paradeiro de Shaw.

Até então a estrutura da série segue que nós acompanhamos semanalmente, aliás, o POI da vez se chama Timothy Sloan, um detetive trabalha para o estado encontrando herdeiro de pessoas que já faleceram. Aos poucos vamos descobrindo mais sobre Sloan, mas a história fica interessante mesmo quando Finch descobre que ele anda investigando o suposto assassinato do irmão adotivo. Neste instante a narrativa é direta e logo descobrimos toda uma conspiração ligada a Jason Greenfield. Dessa forma testemunhamos o retorno do vilão Peter Collier na série, sua organização pró-privacidade já tem nome também, o grupo dos “Vigilantes” recrutou Greenfield e aparentemente foi responsável pela sua morte.

Paralela esta narrativa, temos outra que acompanha Root e Shaw se juntando para cumprir a missão que a “machine” designou para elas. Particularmente eu gostei da relação das duas no episódio, ambas possuem uma boa química em tela, Root pelo jeito psicótico e engraçado, provem as informações necessárias através de sua ligação com “machine”, já Shaw é a mulher da ação, como sempre executando o plano. Tal dinâmica lembra a relação Reese e Finch, mas com um tipo de diferente método e acesso as informações para resolução do caso.

Ainda sobre as duas, o mais interessante desta narrativa é que o roteiro leva o espectador criar certa expectativa para o que está por vir, a “machine” vai dando informações, algumas desconexas, outras necessárias, como se ela soubesse cada passo de tudo que vai acontecer. Quando o plot revela que a intenção era levar Root e Shaw para dentro de uma instalação de transferências de prisioneiros da CIA é ai que esta trama começa a conectar com a trama de Reese e Finch.

O episódio não tem pressa, por isso a primeira metade pode parecer um pouco comum, como cenas em que Harold e Sloan ficam presos em depósito e são salvos por Reese, ou Root e Shaw andando pelas ruas de Manhattan fazendo coisas aparentemente sem nexo, mas é nestes detalhes que Person of Interest tira seus momentos mais geniais, pois no prólogo da narrativa tudo encaixa perfeitamente culminando numa sequência final excelente e muito bem desenvolvida.

Antes de chegar lá vamos falar um pouco da trama entre Carter e a H.R. que nesta semana teve um breve desenvolvimento, mas o suficiente para que o parceiro da detetive mostrasse um lado mais humano de seu passado, agora sabemos tanto que o nome de Laskey na verdade é Mikhail, como também descobrimos que genialmente a organização de Quinn está usando capangas da máfia russa infiltrados  como policiais no departamento de polícia. Outra informação importante é que apesar do “team machine” ter impedido o plano de venda de drogas da H.R. no episódio passado, a organização ainda anda conseguindo arrecadar dinheiro através dos comércios locais, para o quê é a grande incógnita.

Este plot da Carter apesar de passar por fora não chega a atrapalhar a história, mas até que consegue fluir bem em meio ao desenvolvimento das narrativas principais. Falando nelas essas duas tramas ganham força nos vinte minutos finais com a revelação de que Jason Greenfield na verdade se encontra vivo e prisioneiro da CIA. A partir daí tudo começa a fazer sentido e tudo está ligado à organização dos “Vigilantes” liderados por Peter Collier.

Sobre esses vilões, devo dizer que cada vez mais gosto do desenvolvimento que estão dando a eles, e colocar referências da revolução americana como base da ideologia do grupo foi uma tática inteligente que pode ser enriquecedora em relação este plot, além de mostrar um patriotismo americano já conhecido. Sendo assim duas cenas definem bem o grupo: a primeira foi utilizar códigos criptografados que só podem ser decifrados com as páginas do livro “Revolução Americana: Uma história Concisa” e segundo a cena final entre Reese e Collier, com o vilão citando Benjamin Franklin antes de ferir Sloan e fugir.

Os “Vigilantes” serviram também para unir as narrativas de forma linear, a sequência final mostra que a organização estava atrás de Sloan e de Jason Greenfield (que acabou se revelando um membro desertor do grupo), assim acabou que Reese e Shaw meio entraram na mesma briga sem que um soubesse do outro até chegar ao momento certo para salvar duas pessoas diferentes, tudo planejado pela “machine”.

Pode-se concluir então que o episódio é outro ponto positivo para série, extremamente bem escrito, que sabe guarda as informações que quer repassar para seu público e sabe manter o mistério oferecendo mais perguntas do que respostas. Vale também elogiar a direção de Helen Shaver (dirigiu também o episódio “Till Death” 2×08) por não se perder em uma narrativa com tantas informações sendo desenvolvidas quase que ao mesmo tempo nas três tramas apresentadas.

“Mors Praematura” serve não só para mostrar uma nova faceta para a Person of Interest, mas mostra ainda que ameaças como os “Vigilantes” é só um começo. Ainda assim a série tem muito a oferecer, começando pela cena final em Shaw consegue capturar Root, além da ótima cena de diálogo entre Harold e a vilã. A hacker agora está presa no QG do “team machine”, isso pode ser algo ruim ou algo bom depende de como analisamos a situação. Se isto atrapalha os planos da “machine” em relação a hacker ainda não sabemos, mas o fato dela ter agido de forma tão independente deixa Reese e Finch em alerta. Sobre a terceira categoria, se for realmente uma autoproteção, será ela capaz de manter seu protocolo inicial de proteger relevantes e irrelevantes, mesmo que sua própria existência esteja em risco? O fato de ela proteger Jason Greenfield abre o questionamento sobre os “necessários”, onde eles se encaixam nos planos da máquina? Os mistérios só aumentam a cada episódio e acredito que não arranhamos nem a superfície do que está por vir.

Observações de Interesse:

Mors Praematura: o nome do episódio vem de um termo em latim que significa “morte prematura”

Shaw e Root:

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Finch curtiu isso.

Reese: Pessoas normais guardam comida na geladeira, Shaw guarda granadas…oh.. pera. Reese nem deve ter ficado surpreso.

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Tem leite?

Melhores frases do episódio, top 4:

                “How can you be so certain, Ms. Groves, that the Machine does not wish you to be precisely where you are?” (“Como você pode ter tanta certeza, Sr. Groves, de que a Máquina não desejou que você estivesse precisamente onde você está?”) – Finch para Root

“Energy and persistence conquer all things — Benjamin Franklin.” (“Energia e persistência conquistam todas as coisas – Benjamin Franklin”) – Collier para Reese

“Shaw” – Reese ∕ “Reese” – Shaw ∕ “Gotta save somebody” – Reese ∕ “Know the feeling” – Shaw (“Shaw” – Reese ∕ “Reese” – Shaw ∕ “Eu tenho que salvar alguém” – Reese ∕ “Conheço o sentimento” – Shaw)

“We become what we behold. We shape our tools, and thereafter our tools shape us. — Marshall McLuhan” (“Nós nos tornamos aquilo que contemplamos. Nós nos tornamos nossas ferramentas, e posteriormente, nossas ferramentas nos moldam – Marshall McLuhan”) – Fragmento de um segmento na parede do apartamento de Jason Greenfield

Timothy Sloan e Jason Greenfield: Os dois personagens com certeza tem fortes possibilidades de retornar a série, principalmente o ator que faz Jason, mas o ator Kirk Acevedo que faz o Sloan também será bem vindo, afinal é sempre bom ver um ator de Fringe em POI.

Gaiola de Faraday: Falando em Fringe, ai esta uma tecnologia característica daquela série que agora aparece em POI, para deleite dos nerds de plantão. Se você não sabe o que é uma gaiola de Faraday, eu te explico: é nada mais do que uma estrutura metálica condutora concebida para transporta energia elétrica para longe de tudo que estiver contido na gaiola, assim explica o não acesso da “machine” a Root por qualquer meio existente devido a esse bloqueio exercido pela gaiola.

– Fusco: Apareceu mais um pouco neste episódio num diálogo com Reese, ainda assim precisamos ver mais do personagem, ainda sinto falta.

Música do episódio: “The Number Song – DJ Shadow”

Cenários: Ponto para produção que depois de duas temporadas ainda consegue achar locações interessantes em Nova York, às tomadas exteriores e interiores estavam ótimas.

Revolução Americana: Assistindo ao episódio e vendo as referências da revolução, me veio imediatamente o teaser pôster de POI para promover esta temporada, o que só mostra o quanto a série é bem planejada.

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Será?: A entrada dessa terceira premissa da “machine” me faz lembrar das três leis da robótica de Isaac Asimov (fazendo analogia aos relevantes, irrelevantes e necessários), se a máquina segue este mesmo padrão, será possível que ela encontre brechas nestas premissas para se beneficiar? Deixe sua teoria nos comentários abaixo.

– No próximo episódio as coisas prometem se continuar quentes com a volta de vilão conhecido, veja a promo abaixo.

http://www.youtube.com/watch?v=s2oHfC12imc

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