Quando você leva um tapa, deve oferecer a outra face? Assim pregou Jesus e assim pregou o Brother Sam no novo episódio de Dexter, que fala sobre o perdão.
Continue lendo, mas atenção: spoilers abaixo!
Como o Brother Sam (Mos Def) tentou ensinar à Dexter (Michael C. Hall) nesse episódio e diferente do que a maioria das pessoas pensa, o perdão não é sobre oferecer à alguém alguma coisa boa, mas a livrar a si mesmo de alguma coisa má. Perdoar é se livrar do mal, da escuridão e mostrar o bem, a luz.
Pode parecer papo de maluco, papo de bicho-grilo hippie ou até mesmo papo de fã de novela das 8. Não deixa de ser, é claro. Mas não é por causa disso que nós devemos descartar a idéia sem antes pensar nela.
Desde sua entrada na série, Brother Sam é o sinal de que Dexter pode mudar.
Ok, vamos deixar algumas coisas claras: Brother Sam nunca foi um assassino frio e calculista como Dexter. Ele nunca foi um psicopata. O assassinato que ele fez foi no calor do momento e ele sempre pecou mais pela falta de controle do que pela maldade em si. O Dexter teve a “sorte” de ter o Harry ao seu lado e conseguir canalizar o Dark Passenger de uma maneira ordenada e fria. Isso é, ao mesmo tempo, a salvação e a perdição do personagem.
É a salvação porque ele tem poucas chances de ser pego. Veja o exemplo do Trinity, na quarta temporada. Agindo com cuidado, a carreira de serial killer do Dexter pode ser longa. O problema é que quanto mais enraizado o hábito, quanto mais alimentado em pequenas doses e sempre sufocado, mais o Dark Passenger vai existir.
É curioso ver que, enquanto o Brother Sam liberou seu Dark Passenger de uma vez e depois conseguiu mudar, Dexter sempre soltou de pouquinho em pouquinho, sempre atraindo mais e mais da escuridão dentro de si.
Eu concordo que o Brother Sam foi a luz no fim do túnel para o Dexter, eu concordo que ele foi aquele que viu a luz e aquele que simbolizava para o personagem a chance de deixar o seu Dark Passenger. Só o fato dele procurar e se conectar com essa possibilidade, mesmo dizendo repetidas vezes que aceitou o seu caminho sombrio, mostra que o personagem quer, de fato, melhorar. Desde o começo da série o Dexter já mostra esse desejo de deixar seu Dark Passenger (quer sinal mais claro do que só eliminar pessoas que possuem a escuridão dentro de si?). Mas não foi só isso que abalou tanto o personagem com a morte do Brother Sam. Ele realmente gostava do amigo e não entendia o suficiente pra perceber isso.
Agora, a cabeça de Dexter vai ficar uma confusão, simbolizada pelo aparecimento do seu irmão, o Assassino do Caminhão de Gelo, como o “novo Harry”.
Desculpem falar tanto assim do Dexter matando o Nick e da morte do Brother Sam, mas é que foram de fato o foco do episódio e um dos atos mais importantes da temporada. Pra não ficar muito longo, vou tentar resumir um pouco os outros desenvolvimentos do episódio: Travis (Colin Hanks) finalmente desobedeceu o Professor Gellar (Edward James Olmos) e libertou a “prostituta”. Continuo com a impressão de que o Professor era alguém muito ligado ao Travis e que morreu e agora o rapaz tem essas alucinações. A ausência de interação do personagem com qualquer outra pessoa chega a ser incomodante; Debra (Jennifer Carpenter) descobriu sobre o caso de Quinn (Desmond Harrington) com a professora safada E totosa (Mariana Klaveno) e, além de tudo, começou a sentir na pele a solidão de quem lidera. Apesar de tudo parecer uma bagunça pra moça agora, acredito que aos poucos ela vai se adaptar e se levantar ao melhor estilo “o que não mata, deixa mais forte”. Jaimie (Aimee Garcia) e o novo-estagiário-do-Masuka-que-ficou-obcecado-pelo-Dexter (eu tenho certeza que ele tem um nome, mas é insignificante pra série) formam um casal interessante, mas não devem ter espaço na trama. Enquanto isso, Mike Anderson (Billy Brown) rouba a cena com a melhor técnica investigativa que Miami já viu nessa série e em outras baseada na cidade. Flamingo rules! Vou adotar.
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