Um Pontiac Trans Am, Fada dos Dentes, Os Cavaleiros do Apocalipse e a questão sobre o futuro de um serial killer. Esse é Dexter desenvolvendo sua história.
Eu vejo muita gente reclamar de um episódio como Smokey and the Bandit. Tem sempre aquela velha reclamação: “Mas não aconteceu nada!“. Isso vem das pessoas que assistem Dexter por causa das cenas impactantes (que são muitas para eu citar). Quando você abraça a série por inteiro, você passa a dar valor à episódios como esse.
O terceiro episódio da sexta temporada de Dexter trabalha seus personagens, explora-os sem a necessidade de uma cena de ação ou de cobras dentro do estômago de alguém.
Dexter (Michael C. Hall) entra em um caso que o leva à perseguir um ídolo da sua adolescência: Fada dos Dentes, um serial killer que aterrorizou o país nos anos 80, mas que simplesmente desapareceu. O problema é que o cara é um velho chato, mas muito esperto e Dexter encara o pensamento sobre o seu futuro. O que será dele, caso ele não seja pego antes, quando chegar a sua velhice? Harrison terá sua vida, Debra (Jennifer Carpenter) a dela e Dexter não será mais capaz de caçar assassinos sem que seu corpo dê sinais da idade. Engraçado, há um pouco disso em Cavaleiro das Trevas, graphic novel do Batman escrita por Frank Miller.
O fato é: Dexter nunca será como o Fada dos Dentes pelo simples fato de que eles são quase opostos como pessoas. E eu não estou com a baboseira de “Dexter só mata pessoas malvadas, então é válido”, eu estou falando que Dexter canaliza seu Dark Passenger e faz uma série de imposições pra que tudo funcione bem. É o tal Código do Harry. Já o Fada dos Dentes é pura e simplesmente impulsivo, sem nenhum cuidado com seu corpo ou o mundo que o cerca. Dexter tem um mundo ao seu redor que o aceita (ao menos o seu personagem) e que gosta dele, enquanto o Fada dos Dentes afastou tudo isso. Em termos nerds e guardadas as devidas proporções, Dexter é um Batman enquanto o Fada dos Dentes está mais para um Hal Jordan na sua fase vilão. Não sei se me fiz entender…
Enquanto isso, Debra começa seu trabalho como tenente no Departamento de Polícia de Miami e começa com problemas. Entre LaGuerta (Lauren Vélez) tentando sufocá-la e dominá-la, Quinn (Desmond Harrington) atacando-a e o Departamento todo vendo como ela agirá, até que a nova tenente fez um bom trabalho e botou moral no novato Mike Anderson (Billy Brown), que deve ser o novo detetive do lugar.
Outro destaque do episódio foi o lado mais malvado de Ryan (Bea Grant), a estagiária gostosa do Masuka (C. S. Lee). Se no episódio passado ela mostrou que era linda, inteligente e safadinha, ou seja, a mulher dos sonhos, o nosso lindo paraíso onírico começa a se transformar em pesadelo com a bizarra obsessão da moça com o Assassino do Caminhão de Gelo, da primeira temporada, irmão de Dexter. Pintar as unhas como a prostituta morta pelo cara é uma coisa (é creepy, mas é aceitável até), agora roubar a mão das Evidências e mandar esse papo que é “parte da História”. Aí tem amigos. A loira usa seus dotes no bobinho do Masula, percebeu que o Quinn não é tão Zé Mané e ainda dará trabalho.
Os vilões da temporada, Travis (Colin Hanks) e Professor Gellar (Edward James Olmos) , apenas mantiveram em cativeiro aquele cara que ajudou Travis no parque, no episódio passado. Ele tinha de se arrepender dos seus pecados e, no fim do episódio, parece ter feito. Os dois soltaram os Cavaleiros do Apocalipse na rua, no finzinho do episódio, e algo me diz que alguns pedaços de corpo ali são do sequestrado. À confirmar.
Num episódio sobre a busca da satisfação e como ela está relacionada com a busca da felicidade, tanto no caminho religioso quanto na vida “normal” (ou deveria colocar nos termos “espiritual” e “carnal”?), Dexter trabalha com o excelente material que tem e gera uma hora de entretenimento com qualidade. Veja a preview do próximo episódio:
Episódios antigos: