Quando Dana Scully foi designada para os “Arquivos X” para desbancar o trabalho de Fox Mulder, mergulhamos junto com a personagem num universo cheio de mistérios que a ciência não consegue dimensionar. Também junto com Scully, vimos a materialização dos planos conspiratórios que envolvem humanos e alienígenas, algo que por anos Mulder alardeava, mas o máximo que conseguia era ser chamado de “estranho”. Vimos o “Sindicato” em seu auge de poder e também sua queda. Vimos Mulder descobrir a data do apocalipse, mas por anos, os fãs de Arquivo X se perguntaram “quando vamos ver a invasão?”. Com o fim da série e o último filme, o tão esperado evento parecia tão distante para o público, mas eis que a série voltou e demonstrou o quanto necessário era preciso voltar com Fox Mulder e Dana Scully.
Arquivo X sempre foi uma série que deixava mais perguntas do que respostas, mas dentro da sua mitologia, boa parte dos mistérios foram resolvidos (a abdução de Samantha Mulder, o papel do Sindicato nos planos da invasão alienígena, como ocorreria a invasão), no entanto ao final da nona temporada, os fãs não viram os planos alienígenas se concretizarem, já que tudo estava localizada num ano distante naquele momento, 2012. Porem o “apocalíptico” ano chegou e assim como as “profecias” do calendário maia, nada aconteceu.
Quando foi anunciado o retorno da série, evidentemente que a FOX estava atrás de um lucro fácil reciclando o seu maior sucesso nos anos 1990. Porém, para nós fãs, era a oportunidade de ver o retorno de Mulder e Scully pra tirar aquele sabor azedo causado pelo filme “Eu Quero Acreditar”. No primeio episódio desta temporada, cuja resenha você pode conferir aqui, Mulder e Scully voltam aos Arquivos X quando Tad O’Malley apresenta a Mulder fatos da conspiração humana para a dominação global utilizando tecnologia alienígena. Além disso, Scully descobre traços de DNA alienígena em seu organismo, fruto da sua abdução.
O episódio que fecha essa temporada é uma continuação direta do primeiro episódio. Mulder desaparece e os agentes Eisntein e Miller se desdobram para descobrir o paradeiro de Fox. Enquanto Miller procura por pistas de onde Mulder possa estar – e acaba descobrindo de uma forma que qualquer poderia ter tentado antes – Einstein fica ao lado de Scully no meio daquilo que pode ser a chegada do apocalipse. Tudo acontece como descrito a Mulder pelo Dr. Alvin Kurtzweil em Arquivo X – O Filme: um vírus que teria sido desenvolvido nas últimas décadas pelos seres humanos e pelos alienígenas para os planos da colonização seria disseminado. Scully percebe que está no meio de uma epidemia incontrolável que mina estrategicamente pontos de apoio do governo dos Estados Unidos: militares, médicos, comunicações.
No meio de um balabarismo de termos e teorias cientificas, Scully e Einstein tentam encontrar uma resposta pra a crise. Nesse momento, Scully se mostra a crente na abordagem alternativa ao supor que a disseminação do vírus é ação do plano conspiratório enquanto Einstein pede por uma abordagem mais “realística”. No entanto realidade é chutada quando mais e mais fatos são revelados.
O episódio mostra o retorno da agente Monica Reyes num situação estranha. Aqui ela assume o papel digno dos antigos informantes de Mulder como Garganta Profunda e X. No entanto revelo que não gostei do que aconteceu com a personagem após o fim dos “Arquivos X” na nona temporada. Vê-la debandada para o lado do Canceroso foi algo difícil de engolir assim como a cena onde ela o ajuda a fumar.Detalhe: nenhuma menção é feita sobre o que acontece com John Doggett.
Falando no Canceroso, descobrimos que ele é mais poderoso do que a gente imagina. De alguma forma ele sobreviveu e agora sentado no seu “trono de poder”, assiste o momento final que ajudou construir. Ver William B. Davis de volta ao personagem foi muito bom, principalmente nos momentos em que ele confronta Mulder, mesmo depois de vermos isso em episódios das temporadas passadas. Sempre é um momento especial quando esses dois personagens se encontram e travam seus duelos verbais. Porém Mulder que havia desaparecido para encontrar o Canceroso, descobre que não tem nada o que fazer e acaba sendo contaminado pelo “vírus espartano”. É o agente Miller que resgata Mulder do ninho do Canceroso.
O final é completamente ambíguo. Trata-se do final da temporada, mas também como o final da humanidade já que a invasão de fato parece ter começado. Mas esse final pode ser um inicio. Para muitos, o final do episódio ainda não desceu. O clímax foi quebrado para dar gancho a uma provável próxima temporada que não será nenhuma surpresa se for anunciada brevemente visto que todas as partes envolvidas (Fox, Chris Carter, David Duchovny e Gillian Anderson) já se mostraram dispostas a fazerem mais episódios. E será necessário. O final é o início de uma crise que envolve o futuro do planeta e a vida de Mulder que depende diretamente do filho, William. Praticamente todo o episódio foi feito tendo Scully dominando o enredo, assim como fomos com ela introduzidos em Arquivo X, é coerente nesse momento final estarmos junto a ela.
A décima temporada de Arquivo X termina, mas sem um final. Teremos a continuação desse evento que trouxe Mulder e Scully de volta que resultou em números históricos agradáveis quem está por trás do retorno da série. Foi bom e vão querer mais. Foi bom e quero mais. O retorno de Arquivo X não ficou só no apelo a nostalgia, se posicionou nesta década e mostrou que está renovada.