Crítica | Arrow – 2ª Temporada

Na última semana, o canal CW exibiu nos EUA o 23º episódio da segunda temporada de Arrow, série do Arqueiro Verde da DC Comics. Depois de esperar por algum tempo para que a maioria do público nacional tenha tido a chance de conferir a conclusão da temporada através dos seus meios cinzentos prediletos, nós estamos prontos para discutir sobre o seriado que lidera essa invasão dos super-heróis na TV americana.

Ah, spoilers abaixo!

Arrow Temporada 2 Review 04

Unthinkable é o último episódio do segundo ano de Arrow, mas a gente também pode dizer que ele conclui todas as histórias que se iniciaram lá no piloto da série. Isso porque, de certa maneira, a segunda temporada de Arrow foi uma segunda metade de uma grande temporada, de um grande primeiro arco com o personagem e que, agora, nós estramos numa nova narrativa dentro da história de Oliver Queen (Stephen Amell).

Nesses 46 episódios de Arrow até aqui, a história do bilionário arqueiro de Starling City foi pautada pela pergunta: “Como Oliver Queen pode ajudar a sua cidade?“. O protagonista levou duas temporadas para compor a sua resposta e entender o seu papel de herói – e essa foi uma jornada construída com calma pelos produtores do seriado. No começo, Oliver era um vigilante assassino e vingativo e nós vemos pra onde esse caminho o levou na primeira temporada; depois de explorar essa opção, os responsáveis pela série colocaram o cara para trilhar um caminho de recuperação, mas também de dúvida em saber se Oliver Queen pode ou não ser um herói.

[quoteleft] Você me ajudou a virar um herói, Slade. Obrigado. Oliver Queen[/quoteleft]

Foi muito interessante ver como essa divisão foi refletida pelos flashbacks na Ilha – se na primeira temporada a gente viu como Oliver se tornou o Arqueiro por lá, construindo e alimentando sua raiva e seu desejo por vingança, nessa segunda temporada a gente vê como ele ganhou a maior parte das suas cicatrizes – físicas e emocionais – enquanto ele sentia a culpa pela morte de Shado (Celina Jade). O peso de ter feito uma escolha na Ilha (entre a vida da Shado e da Sarah) e ter vivido com as consequências dessa escolha (incluindo aí a transformação de Slade Wilson no Exterminador), aumenta a carga dramática do final da temporada, quando Oliver tem de fazer uma outra escolha de vida ou morte – dessa vez com a experiência adquirida da última temporada e com as influências das pessoas mais próximas.

Enfim, a segunda temporada de Arrow realmente fechou esse arco de “descobrimento” do Oliver enquanto pessoa e super-herói e a sua conclusão deixou claro que a gente verá uma mudança bem grande de narrativa na próxima temporada – agora não teremos mais a Ilha, já que o Oliver finalmente “saiu de lá”, não só fisicamente no flashback, como conseguiu superar todos os eventos que aconteceram lá, aceitando que ele é um herói e não um assassino e seguindo em frente com a morte da Shado e a sua relação com o Slade.

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Além do próprio Oliver, praticamente todos os outros coadjuvantes regulares também passaram por esses arcos grandes de mudança e estabelecimento, todos eles construídos sem pressa e com cuidado. Pra quem viu só os primeiros episódios da primeira temporada, pode ser um choque ver Felicity (Emily Bett Rickards) de repente sendo peça primordial na derrota do vilão mais poderoso do seriado, mas quem acompanhou as inseguranças e a evolução da personagem, consegue entender que a Felicity que termina essa temporada é uma versão mudada da Felicity que começou essa jornada – e existem poucas coisas que valorizam tanto uma temporada como a gente chegar no fim dela e poder olhar pra trás e ver como cada tijolo contribuiu pra parede final.

Dentre os outros arcos dos coadjuvantes dessa temporada (Laurel e a sua batalha pra deixar de ser inútil superar perdas e a culpa de sobrevivente; o pai Lance e a sua necessidade de entender até onde ele pode proteger suas filhas e quando elas precisam lutar suas próprias batalhas; a redenção de Moira Queen; a vingança de Slade Wilson), um dos arcos que eu mais gostei e que destaco aqui é o de Thea Queen (Willa Holland). De típica patricinha de série adolescente do CW, ao estilo Marissa Cooper, para uma jovem de coração partido e nos braços do pai vilanesco, Thea sempre foi alguém cujos familiares mais próximos nunca confiaram com a verdade. Se antes ela reagia à esse menosprezo da sua capacidade de lidar com a verdade através das drogas, festas e outros tipos de desobediência juvenil, a Thea que termina esse ciclo está mais madura e não precisa mais chamar atenção: ao invés disso, ela precisa de alguém que não tenha mentido pra ela – o que, infelizmente, é o seu pai assassino.

Obviamente que Arrow não é perfeita e sua segunda temporada não foi perfeita (muitos episódios ainda foram orientados para os índices demográficos do canal), mas seus pequenos deslizes são facilmente compensados pelos acertos criativos e técnicos dos episódios (a cena da batalha final entre Oliver e Slade, que acontece simultaneamente no passado e no presente, teve uma edição primorosa nesse último capítulo).

Construindo um universo maior

Com o sucesso da sua primeira temporada, os executivos da DC, da Warner e do CW não tiveram problemas em liberar os produtores de Arrow para que eles pudessem expandir ainda mais esse universo.

O fruto mais óbvio dessa liberdade foi a inserção de Barry Allen (Grant Arrow Temporada 2 Review 07Gustin), o jovem assistente forense de Central City, que vestirá o uniforme do Flash na nova série do CW, criando um mundo compartilhado entre as duas produções – o Arqueiro Verde vai dar as caras no piloto do programa do Velocista Escarlate.

Mas além de introduzir meta-humanos na história, essa segunda temporada de Arrow pintou um universo DC muito mais completo do que a gente esperava. Um dos elementos importantes desses episódios (e dos próximos) é a A.R.G.U.S. liderada por Amanda Waller, que faz aqui mais ou menos a mesma função que a S.H.I.E.L.D. de Nick Fury tem no universo Marvel.

Através da agência militar, nós vimos vários vilões da DC dando as caras, inclusive o infame grupo Esquadrão Suicida, composto por bandidos poderosos armados com bombas e que cumprem missões perigosas para a A.R.G.U.S. em troca de redução da pena.

O próprio Exterminador ter realmente aparecido já foi interessante, já que nós só tínhamos visto a máscara dele no ano passado, mas ele não foi o único vilão de peso da DC a ameaçar Oliver nessa temporada. O Professor Ivo, clássico inimigo da Liga da Justiça, colocou em movimento os eventos que culminariam na transformação de Slade Wilson em Exterminador; a ameaçadora presença de Ra’s al Ghul foi sentida através dos ninjas da Liga dos Assassinos e da sua herdeira, Nyssa; e Isabel Rochev (Summer Glau), que acabou incorporando duas vilãs dos quadrinhos: a própria Isabel Rochev, que se apaixonou por Robert Queen mas não foi correspondida, passando a dedicar sua vida a se tornar a CEO da empresa da família Queen, e a Devastadora, que nos quadrinhos é filha do Exterminador e parte dos Jovens Titãs (e por falar neles, nós finalmente tivemos o Ricardito!)

Todas essas presenças dos quadrinhos na série ajuda a atrair os leitores de quadrinhos pro seriado, já que Arrow passa a ser realmente uma série do Arqueiro Verde da DC e não “um seriado sobre um cara que tem o mesmo nome do Arqueiro Verde mas, fora isso, não tem nada igual o cara”, além de estabelecer um universo que parece mais vivo, mais composto e que vai ficar mais interessante quando The Flash estrear

E o que esperar para a próxima temporada de Arrow?

Como já dito, Arrow parece ter fechado um ciclo nesse fim de temporada e deixou algumas pontas soltas que indicam qual será o caminho do próximo ano.

No passado, a gente vai acompanhArrow Temporada 2 Review 01ar o encontro de Oliver com a A.R.G.U.S., o que vai servir pra expandir ainda mais o universo da série – e, se a gente for levar em conta que o Slade era o foco das interações do Oliver nos flashbacks e era o vilão da temporada, com alguma sorte a própria A.R.G.U.S. e a Amanda Waller serão os antagonistas desse próximo ano. Mais: pelo aspecto árabe da última cena, eu ainda arriscaria que a gente vai ver o Oliver se metendo com a Liga dos Assassinos no flashback.

Em Starling City, nós teremos o Arqueiro em ação enquanto Oliver tenta se reestabelecer. Honestamente, um dos momentos mais legais da história do Arqueiro Verde nos quadrinhos aconteceu no fim dos anos 60 e começo dos anos 70, quando Neal Adams e Dennis O’Neil tiraram toda a fortuna de Oliver Queen e retrataram o cara como um campeão dos desprevilegiados e um personagem com um diálogo político de esquerda MUITO forte. Obviamente que eu não espero muito que Arrow e o CW enveredem por esse caminho – apesar que fique o registro: eu iria achar sensacional se isso acontecesse – mas a esperança é a última que morre (mesmo com o próprio Oliver dizendo nesse último episódio que ia tentar ganhar a empresa de volta).

Enquanto isso, Roy deve começar a aprender os caminhos do heroísmo e será um sidekick de verdade pro Arqueiro (e essa relação do Oliver passando adiante seus conhecimentos deverá ser legal de ver), Diggle e Lyla terão de lidar com o bebê a caminho e com a traição que cometeram com a A.R.G.U.S. e Felicity ainda tem seus sentimentos para lidar e seu crescimento pra continuar. Nós também ainda precisamos ver o que acontecerá com o pai Lance e como Laurel lidará o que acontecer com o seu pai (além da possibilidade dela seguir os passos da irmã e assumir o casaco da Canário Negro).

Seja como for, a terceira temporada de Arrow promete!

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