Review | Person of Interest 2×21: “Zero Day”

poi 2x21

“Wow”. É incomum uma pessoa que faz review começar com uma palavra assim, mas essa foi à única reação que tive quando terminei de assistir este episódio de POI. Quando você pensa que a série não vai conseguir se superar, vem um episódio como “Zero Day” e quebra mais uma vez este tabu, se inovando, expandindo sua mitologia e ainda trazendo diversas respostas importantes que vão definir o rumo da série mais uma vez.

Este episódio é extremamente cirúrgico, porque tudo que acontece nele está relacionado com momentos cruciais que acorreram nesta segunda temporada, dessa forma ele não só amarra as pontas soltas, trazendo repostas interessantes envolvendo Finch e Nathan, passando pelo excelente retorno de Root e Shaw a trama, mas acaba por chocar ao revelar uma verdade assustadora sobre a “Machine”.

Sendo assim comecemos falando da criação de Finch então, que aqui é a grande estrela do episódio. Muito se perguntou durante a primeira temporada o quanto extraordinária seria essa inteligência artificial, durante meses os fãs da série ficaram na expectativa de quem estaria por trás do telefone atendido por Reese na cena final do episódio “Firewall”, assim que a série retornou para sua segunda temporada e descobrimos que a “machine” respondeu a tal ligação, a mitologia de POI mudou completamente, a partir daí e com flashbacks focados na máquina como personagem, estávamos diante de ser pensante tão inteligente que acabou assimilando características humanas a sua personalidade, mas algumas perguntas ficaram pairando no ar, o quão poderoso esse ser é e até onde vai sua capacidade de pensar? Essas perguntas foram feitas para serem respondidas em “Zero Day”.

A história já se inicia de forma espetacular desde sua abertura, quando o monólogo de Finch já começa a falhar dando entrada a uma sequência totalmente adulterada das animações da “machine” devido ao vírus cada vez mais ativo em seu sistema, é quase uma nova variação da abertura do episódio “Relevance”. O episódio começa mesmo com Reese ouvindo a frequência do rádio enquanto Finch está no QG tentando descobrir o por que da machine não está funcionando de maneira correta, afinal como é revelado se passaram dez dias desde o episódio “In Extremis” e que até esta data nenhum número foi expelido por ela.

O interessante aqui é que o roteiro cria uma oportunidade de mostrar as consequências da ausência de Reese e Finch salvando irrelevantes, isso mostra a importância deles para sociedade. Ao que parece a guerra silenciosa entre Elias e a máfia russa reiniciou, deu para perceber que o acordo dos russos com a HR está dando seus primeiros resultados, mas aqui toda essa teoria se torna verdadeira através do diálogo entre Carter e John, que, aliás, finalmente tivemos um reencontro dos dois personagens em cena, algo que não acontecia desde “Dead Reckoning”.

Sobre o caso da semana tivemos dois POI’s sendo que primeiro foi o melhor caso já criado na história da série, tão atrelado ao plot principal do episódio que a surpresa chega a ser inacreditável. O nome da vítima da vez é Ernest Thorhill, um milionário misterioso, dono de uma empresa chamada Thorhill Corporation, vem mais tarde a se torna alvo da misteriosa companhia Decima Tecnologies criadora do vírus que está corrompendo a “machine”. Aqui o roteiro assinado brilhantemente por Amanda Segel e David Slack, marca sua primeira reviravolta na trama, quando Harold descobre que o senhor Thorhill na verdade é a “machine” em pessoa que criara um perfil falso para sua autoproteção, a narrativa embarca de vez em um caminho cheio de revelações surpreendentes a cerca da inteligência artificial.

É importante que para descobrir e entendermos as razões da “machine” ter adotado um nome e endereço, é preciso falar sobre Thorhill Corporation, é preciso falar também de Finch, é preciso falar do vírus  e principalmente é preciso falar sobre Root. Mais do que nunca a volta da personagem ser tornou peça fundamental para o episódio e devo dizer que a vilão apresenta sua melhor participação até o momento na série. Se antes alguns achavam que a loucura da personagem chegava a transparecer certos exageros dramáticos, aqui Amy Acker acerta o tom da vilã tornando sua motivações mais plausíveis do que nunca depois que plot da “machine” é revelado.

Root, aliás, volta também para sacudir o mundo de Finch, colocando Grace (Carrie Preston) na mistura para que assim conseguisse a ajuda dele para concretizar seus planos de libertar a “machine”. A volta da personagem também trouxe diversas respostas, primeiro a de que o vírus liberado por Greer e seus associados tem o objetivo de sobrecarregar a “machine”com informação (tá ai a explicação sobre as diversas telas azuis que apareceram desde que o vírus entrou em ação), assim causar um tráfico exorbitante de dados de modo que sobrecarregue o sistema e de tal forma que a “machine” entre em um modo de depuração que é um tipo de protocolo remoto que Harold criou caso houvesse um desastre desse tipo, assim esse “GOD MODE” permitiria que o administrador tivesse todo acesso ao sistema da máquina e era isso que a Decima Technologies estava planejando desde o começo.

Em “Trojan Horse” o diretor da Rylatech disse a Reese naquela ocasião quem controla as informações, controlaria o futuro. Aqui neste episódio essa frase permeia por toda a narrativa e se torna o ponto forte do roteiro, pode se dizer que a informação é representada pela “machine”, a corrida pelo controle dela começou no momento em que vírus da Decima tornou-se ativo, assim a segunda metade do episódio vira uma corrida contra o tempo, quando desse meia noite um orelhão tocaria em Manhattan e a pessoa que atendesse teria acesso a “machine” em um período de 24 horas de acordo com relato de Finch.

No meio de tanta conspiração e ameaças, apenas uma informação não se encaixava no em torno disso tudo. Por que a “machine” precisaria de uma empresa de fachada, empregados, um endereço e um perfil falso? A cena em questão aonde Root e Harold vão buscar a resposta para essa pergunta, acaba por revelar a última grande reviravolta da trama. Lembra no episódio “The Contingency” como a “machine” se comportava em relação à Finch? Então esse desenvolvimento quase que paternal que foi percebido por Harold servindo de principal motivo para colocar certas restrições em sua criação.

Vale abrir um parêntese na história de Finch neste episódio, primeiro vamos falar dos flashbacks entre ele e seu parceiro, além do próximo passo no relacionamento entre ele e sua amada. Finalmente a trama entre Harold and Nathan chega a um momento decisivo, assim os flashbacks mostrados em “The High Road”, “Till Death” e “One Percent” se encaixam perfeitamente na linha narrativa deste episódio, dessa forma o relacionamento de entre esses dois amigos toma contornos dramáticos, aliás, que bela atuação de Michael Emerson e Brett Cullen, o primeiro pela sensatez e racionalidade em forma de frieza demonstrada depois que descobre os planos do amigo para salvar as vidas irrelevantes, e o segundo agindo como homem mergulhado na vida depressiva regada a bebidas e remédios controlados, ambos em conflito, ambos agindo de acordo com seus princípios, mas apenas um terá razão no final dessa história, e como já sabemos, não será Finch.

Outro momento importante para Harold no episódio é o ápice de seu relacionamento com Grace, aqui temos uma bela cena entre casal no momento em que ele a pede em casamento, toda a circunstância proporcionada para o acontecimento foi de uma delicadeza precisa, foi bonito, foi sincero, até no fato de Finch ir para longe dos olhares da “machine” para fazer a proposta com mais “privacidade” soou de forma romântica e emocionante.

Dos dois lados mostrado por Harold nos parágrafos anteriores, apenas a parte racional falou mais alto na hora de restringir as habilidades da “machine”, através de uma programação específica que faz com ela preserve dados dos relevantes e delete todos os dados irrelevantes, inclusive sua memória (ou anomalias como ele mesmo disse), assim ela se autodestrói e renasce completamente todo dia após a meia noite. Root entende isso como uma crueldade, ao contrário de Finch ela vê a máquina como ser humano, que foi negligenciada pelo “pai” e utilizou seus próprios meios para se preservar viva. O grande dilema aqui e que provavelmente será discutido no próximo episódio é:  A “machine” deve ser tratada como ser vivo ou como inteligência artificial?

Se Harold e Root já tem uma opinião formada sobre isso, resta saber o que Reese decidirá depois da cena que fecha este episódio. E por fala nele nosso “man in the suit” também teve um dia agitado, descobriu que a “machine” era mais esperta do que todos imaginavam, foi traído pelo seu parceiro ao ser denunciado pelo próprio para polícia, foi preso e resgatado por Shaw (sim ela retornou seguindo Root até Nova York), e de quebra ainda descobriu através de Greer que Finch foi um dos responsáveis pela missão suicida para resgatar o laptop (que continha rastros do código da Machine dentro) de Ordos na China, missão que ele e Kara Stanton foram enviados.

Com todos esses conflitos, múltiplos plots se desenvolvendo quase que ao mesmo tempo é de esperar que episódios assim tenham algum problema de ritmo ou direção, mas este episódio basicamente é impecável na parte técnica, começando pela direção de Jeffrey Hunt (que dirigiu episódios como “Number Crunch” e o excelente “Trojan Horse”) que aqui faz seu melhor trabalho, destaque para excelente cena na delegacia com Reese e Shaw escapando e na grandiosa cena do drone controlado pelos agentes da Decima Technologies explodindo o carro de Thorhill, vale ainda elogiar seu trabalho na direção de atores com ótimas atuações do elenco em geral.

Sobre o roteiro eu venho elogiando desde o começo da review, mas vale ressaltar que se os atores se saíram bem, em parte o mérito vai para o ele, nenhum diálogo é desperdiçado, todos são muito bem aproveitados, seja para responder alguma coisa relacionada à trama, ou para trazer um pouco humor característico de POI para a cena. Então se pode dizer que devido à complexidade narrativa do episódio é fato que o texto possa apresentar alguma cena ou outra que cause certa confusão principalmente com aqueles que não estão familiarizados com universo da série, ou para olhares menos atentos, mas é fato também que este talvez seja o episódio mais claro da série até agora e a dificuldade entendimento talvez transpareça na dificuldade assimilar tantas respostas e questões levantadas.

Enfim “Zero Day” é um episódio que transcende a eficiência e a qualidade de POI, além de apresentar como o melhor da história do seriado até agora, trazendo respostas tão importantes e tão decisivas que podemos pensar que estamos diante até do final do seriado, mas tudo indica que toda essa história é apenas a ponta do iceberg. O clímax da trama se dá em um enorme cliffhanger preparando o terreno para o season finale, a “machine” entrou em “GOD MODE” e agora Root após atender a ligação, frustrando os planos da organização criminosa Decima de controlar a criação de Finch, indica que agora a hacker se tornou a principal vilã dessa reta final. Mas a grande tacada foi a de Harold, que mesmo impedido de conter que vilã se tornar adm da “machine” conseguiu burlar o sistema e dá a Reese a oportunidade de acessar o dado dela também, dessa forma o embate entre o “man in the suit” e Root está apenas começando, quem saíra vitorioso, quem controla a “machine”? Onde a amizade e a confiança de Reese e Finch ficam no meio disso tudo, será que amizade dos dois foi abalada no decorrer desses recentes eventos? E os vilões restantes, será que Decima Technologies está realmente fora do jogo? Essas e outras perguntas vão nos corroer durante sete longos dias, então façam suas apostas, apertem o cinto porque o final promete ser trágico e apocalíptico.

 

Observações de Interesse:

Carter Em Apuros: Com Fusco fora investigando a morte de Beecher, Jocelyn Carter virou alvo da HR se tornando a segunda POI de “Zero Day”, se no episódio anterior Fusco estava em maus lençóis, após este Carter se encontra em uma situação ainda pior ao cair na armadilha orquestrada pelo corrupto detetive Terney. A “machine” até tentou avisar a Finch, mas infelizmente Root o impediu de atender a ligação.

Lado Relevante: Se “bug” na máquina afetou bastante o lados dos irrelevantes, o lado relevante também foi afetado, há sete dias sem receber o número, é bom notar aqui a suspeita de um ataque terrorista a um avião que felizmente não se concretizou, para quem não percebeu a notícia de jornal aparece no começo na tela do computador de Finch e novamente na tela do procurador.

Alicia Corwin: Como eu disse uma das maiores qualidade de “Zero Day” é que o roteiro conecta basicamente todos os plots importantes desenvolvidos e deixados em aberto, dessa forma o chip extraído do corpo de Alicia por Hersh no episódio “Masquerade” (2×03) na verdade continha informações sobre a Decima Technologies, a pergunta é será que o isolamento de Alicia tem haver com o que ela descobriu sobre a empresa de Greer e pior será que ela estava ciente dos planos deles por isso se sentia perseguida? Vamos ver se tudo ficará claro mais para frente.

Ernest Thorhill: O nome escolhido pela “machine” para criar um perfil falso na verdade é uma combinação de dois nomes relacionados ao filme de Alfred Hitchcock chamado “North By Northwest”, sendo que “Thorhill” vem do personagem Roger O. Thorhill vivido pelo ator Cary Grant no longa, já o nome “Ernest” é o mesmo nome do roteirista do filme.

Rise of the Machine: Não como negar que a última cena foi simplesmente genial, então nada como dizer “God Mode Activated”

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E Reese recebendo a ligação do século….

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Drone: Foi ou não foi uma bela cena o drone explodindo o carro, talvez seja uma das cenas de explosão mais bem feitas da série até agora.

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“Party Line”: É o nome da ação que Finch realizou para dividir a ligação da “machine” em duas, assim após criar esta “Party Line” ele conseguiu repassar o mesmo número para duas cabines telefônicas diferentes a Root e Reese funções de adm da “machine”.

O triste destino de Ingram: Em um episódio recheado de revelações, descobrimos além de Nathan ter fundado o QG que Reese e Finch usa até hoje, ainda ficamos sabendo antes que Finch ter fechado a backdoor que ele criou podemos ver de relance no laptop que o próprio empresário seria a próxima vítima na lista dos Irrelevantes expelido pela “machine”. Junte isso a discussão que os dois amigos tiveram antes e assim está selado o trágico de Nathan Ingram.

Greer: A participação do vilão na narrativa foi rápida, mas o diálogo entre ele, Reese e Shaw, foi mais do esclarecedor e o pior é que tudo leva a crer que ele sabe basicamente tudo sobre a “machine”, ao menos quase tudo, afinal ele ainda não teve oportunidade de conhecer o criado dela Harold Finch pessoalmente, esse é o encontro que estou ansioso para ver.

– Já falei demais, contagem regressiva, assista a promo do season finale.

http://www.youtube.com/watch?v=-jHNfbNNT9E

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