Em 2015 um dos mais icônicos personagens da DC Comics faz aniversário. O menino prodígio, completa 75 anos de idade e o que mais me espanta é a clássica música de Claudinho e Buchecha, Fico Assim Sem Você, não ter um verso dizendo que ficar sem ela, a garota da música no caso, é como ser o Batman sem o Robin. O que digamos é bem legal, ser o Batman, não estou questionando isso, mas ser o Batman sem o Robin parece incompleto e caberia perfeitamente como um verso dessa música. Até porque ser o Batman sem o Robin é como ser o Piu-Piu sem o Frajola, aliás, é como ser o Frajola sem o Piu-Piu. Vocês entenderam.
Em 1940 Bob Kane e Bill Finger fizeram aquele brainstorm maroto para pensar em novas coisas para a revista do seu personagem de sucesso, o Homem-Morcego. Porém naquela pequena reunião, que pode nem ter acontecido e ser apenas uma floreio da minha cabeça. eles chegaram a conclusão de que o tom sombrio das histórias do Cavaleiro das Trevas estava afastando os leitores mais novos, e por isso decidiram criar um parceiro-mirim para herói. Surge assim o Robin e sua primeira aparição foi na revista Detective Comics #38 de 1940. Há quem diga inclusive que o nome do personagem é uma homenagem ao arte-finalista Jerry Robinson, que era o parceiro dos dois criadores do Batman.
A intenção dos criadores fica clara logo quando colocamos nossos olhos pela primeira vez no personagem, uma roupa colorida, espalhafatosa, que parece ter saído diretamente de um circo. E saiu. O personagem foi criado para trazer cor as histórias do Batman e também companhia para que o Homem-Morcego não estivesse o tempo todo perdido em pensamentos sem ter com quem conversar.
A criação do Robin inspirou outros vários personagens como o Ricardito, sidekick do Arqueiro Verde. Fez com que o Jimmy Olsen se tornasse o ajudante do Superman e ainda inspirou a criação de Bucky, o companheiro do Capitão América.
Porém, na década de 50 aconteceu a criação do Comic Code Authority, selo que no Brasil foi chamado de Código de Ética, foi uma criação das editoras da época como uma forma de autocensura em resposta ao livro do psiquiatra Frederic Wertham, Sedução do Inocente. O livro acusava diretamente os quadrinhos de serem prejudiciais para o desenvolvimento dos jovens e acusava diretamente a relação de Batman e Robin como homossexual, e ainda criticava o visual do menino prodígio, dizendo que o fato dele estar sempre com as pernas de fora, e abertas, era um incentivo a homossexualidade dos jovens. Não foi só o Homem-Morcego e seu fiel escudeiro que foram criticados por Frederic. A Mulher-Maravilha também foi chamada de lésbica sadomasoquista e acusada de colocar ideias na cabeça das mulheres para tirá-las dos seus devidos lugares na sociedade.
A partir dessa criação, todos os quadrinhos começaram a estampar o selo na sua capa e seguir uma série de diretrizes, que você pode consultar aqui. Esse fato esfriou a criação de novos sidekicks, mesmo com o sucesso do Robin. Ninguém queria criar um personagem para levantar rumores sobre homossexualidade de seus personagens naquela época. Com a aplicação do Comic Code Authority em 1953, a Batwoman foi criada em 56 para que o Batman pudesse ter uma mulher em seus arcos e acabasse de vez com os rumores que envolviam ele e o Robin. Curiosamente, hoje a Batwoman é lésbica.
Dick Grayson
O primeiro Robin de todos, Dick Grayson era o filho mais novo de uma família de acrobatas de circo, os “Grayson Voadores”. Depois do gangster Anthony Zucco assassinar seus país e começar a extorquir dinheiro do circo, Bruce Wayne, que investigava o crime com sua identidade secrete, o acolheu em sua casa. Bruce treinou Dick em artes marciais e habilidades de detetive, e com o manto de Robin ele ajudou seu tutor à prende Tony Zucco, e vingar a morte de seus pais. Depois de ser baleado no ombro pelo Coringa, Bruce decide afastar o Robin da ação e assim Dick abandona a faculdade e se junta a Turma Titã, posteriormente Novos Titãs, para liderar a equipe e passa a atuar em Nova Iorque. Depois de ser confrontado por Bruce, que já que não seria mais seu parceiro deve deixar de ser o Robin então ele abandona o manto e a Mansão Wayner e assume a identidade de Asa Noturna.
Em 1994 depois da saga A Queda do Morcego, Dick Grayson assume o manto do Batman na saga Batman: Filho Prodígio. Ele ainda voltaria a ser o Batman após os eventos de Batman R.I.P., quando Bruce é dado como morto, isso foi em 2009.
Nos reboot da DC, em 2011, ele voltou a ser o Asa Noturna depois de se mudar para um bairro violento de Gotham.
Apesar de ser o Robin que passou mais tempo no cargo e sempre que se adapta o personagem para outras mídias Dick é o escolhido como alter-ego do menino prodígio, ele é mais adorado pelos fãs por ser o Asa Noturna.
Na mais recente saga que abalou o Universo da DC Comics, Forever Evil, Dick Grayson foi capturado pelo Sindicato do Crime e sua identidade foi revelada para todo o mundo e posteriormente ele foi dado como morto.
Hoje ele atua como o Agente Secreto #37 infiltrado na Agência Espiral a pedido do Batman.
Jason Todd
O segundo Robin não era nada mais que um marginal de rua. A história de como Todd se tornou Robin é no mínimo engraçada, o Batman pegou-o roubando uma roda do Batmóvel, ele então treina Jason, tal como fez com Dick, para torná-lo seu novo parceiro. Sua primeira aparição com o manto do Robin foi em Batman #368 de 1983. No entanto o momento mais marcante do personagem como sidekick do Batman é a história em que ele sai em busca de sua mãe biológica e acaba sendo capturado pelo Coringa, que o espanca com um pé-de-cabra até deixá-lo a beira da morte ao lado de uma bomba que explode mantando Jason. Ras Al Ghul, que havia contratado o Coringa, tenta consertar seu erro banhando o corpo de Todd no Poço de Lázaro e trazendo-o de volta a vida.
Porém esse era outro Jason, muito mais violento e descontrolado, e principalmente magoado com Bruce por não ter vingado sua morte matando o Coringa. Ele adota então o nome de Capuz Vermelho e pretende ser um vigilante, mas que vai usar toda e qualquer forma de violência em seu processo de fazer justiça. Ele ainda cultiva um ódio mortal pelo Palhaço do Crime, tendo o desejo de matá-lo da forma mais cruel possível.
Após a saga Batman R.I.P. ele tenta assumir o manto do Batman mas com uma pegada assassina, porém acaba sendo derrotado por Dick Grayson, também vestido de Batman. Ele continua sendo o Capuz Vermelho, hoje em dia nos Novos 52 em uma saga junto com o Arsenal, sidekick do Arqueiro Verde.
Tim Drake
Tim está no universo do Homem-Morcego desde a morte dos Greysons Voadores, ele era uma das testemunhas do crime. Por estar presente no crime e acompanhar a o desenvolvimento do caso, ele acabou usando seus instintos de detetive para descobrir que Bruce Wayne e Dick Grayson eram as identidades de Batman e Robin. Com essa descoberta, Tim Drake começa a acompanhar suas carreiras de perto. Quando o Coringa assassina Jason Todd, Tim percebe logo que Bruce estava entrando em uma espiral auto-destrutiva e suicida e vai falar com Dick para que ele volte a ser o Robin.
Porém o momento em que o personagem efetivamente se torna o novo Robin é quando salva Bruce e Dick de serem assassinados num confronto contra o Duas-Caras, nesse momento Alfred e o atual Robin, Dick Grayson, convencem Bruce a dar uma chance à Tim como o novo Robin, visto o potencial do garoto e a presença de Tim no campo de batalha poderia ajudar Bruce a evitar situações complicadas.
Bruce sempre considerou Tim o Robin mais maduro e melhor detetive de todos, ele sempre disse que Tim Drake era o Robin com maior potencial.
Diferente dos dois Robins anteriores, Dick e Jason, Tim não vinha de família pobre, ele era na verdade milionário e vizinho de Bruce Wayne. Ambos os seus pais eram vivos no seu começo de carreira, pouco depois ficou órfão de mãe, e mais tarde seu pai foi assassinado. Depois disso, a exemplo dos outros dois, ele também foi adotado por Bruce.
O Robin de Tim Drake fez muito sucesso entre os leitores e foi o primeiro dos Robins a ter uma revista solo. Mais tarde Tim se auto-promoveu a Red Robin, ou Robin Vermelho, enquanto Dick Grayson assumiu o mando de Batman e Damian Wayne passou a ser o Robin.
Stephanie Brown
Personagem bastante conhecida dos quadrinhos mas por outra identidade e não por ser Robin. A personagem começou sua carreira sob o nome de Salteadora. Ela era filha de um criminoso e vilão do Batman, o Mestre das Pistas, que por um tempo esteve preso. Após seu pai voltar ao crime ela, irritada, desenvolve seu próprio uniforme e ajuda a capturar seu próprio pai usando o codinome de Salteadora. Nessa aventura ela conhece Tim Drake.
Stephanie e Tim começaram a namorar enquanto ele era Robin. O namoro dos dois sempre foi conturbado, Steph até então não sabia que Tim era o Robin, porém o fiel escudeiro do Batman sabia tudo sobre o passado da amada. O namoro dos dois sofria altos e baixos, Steph certa vez revelou à Tim estar grávida de um antigo namorado que sumiu no terremoto de Gotham, ela deu o filho para adoção. E a ausência de Tim esteve sempre prejudicando o relacionamento dos dois mas ele não queria revelar sua identidade à Steph.
Nesse meio tempo o Batman aceita treinar a Salteadora para desenvolver suas habilidade e nessa brincadeira acaba revelando que Tim Drake era o Robin. Isso deixou o garoto muito chateado com Bruce por bastante tempo. O treinamento da Salteadora não chegou ao fim porque Bruce dizia que ela não estava pronta para o trabalho. Isso não impediu Steph de continuar atuando com sua identidade secreta.
Quando o pai de Tim descobre suas atividades noturnas o manda parar. Com isso o casal conversa e decide que Stephanie vai pedir ao Batman para ser Robin enquanto Tim não pode. O Batman aceita a ajuda da garota porém ela fica pouco tempo no cargo por ser muito desobediente.
Mesmo assim ela continuou atuando em áreas de crime em Gotham desencadeando vários crimes de guerra até o momento que foi captura pelo Máscara Negra que queria obter informações sobre o Batman, ele a torturou até o momento em que Steph conseguiu escapar. Ele então procurou atendimento médico e nos seus últimos momentos de vida questiona o Batman se ela conseguiu ser um dos Robins. O Homem-Morcego diz que sim. Stephanie morre pouco depois.
Em 2008 ela reaparece viva e a sua morte não passara de um plano do Batman, havia tudo sido forjado e seu corpo trocado por uma garota que havia morrido de overdose. Bruce fez isso para que a garota fosse dada como morta e não fosse perseguida. Em 2009, Cassandra Cain, atual Batgirl na época, deu a Stephanie a oportunidade de ser a Batgirl.
Damian Wayne
O atual Robin é o filho biológico de Bruce, Damian Wayne. Fruto do relacionamento do Homem-Morcego com Talia Al Ghul o garoto odiou por muito tempo seu pai.
O personagem apareceu pela primeira vez na saga O Filho do Demônio de Denny O’Neal, 1987. Nessa história ficamos sabendo que Talia engravidou de Bruce e teve o filho, Damian, porém Bruce parou de ter contato com o filho e a própria DC ignorou por quase duas décadas a existência do moleque até que Grant Morrison resolver trazer das trevas o filho do Batman, aliás, coube à Grant batizar o filho tornando-se assim padrinho da criança. Quando apareceu pela primeira vez em 1987 o bebê não recebeu nome e logo desapareceu da mitologia do Homem-Morcego.
Quando Grant então re-coloca Damian na vida de Bruce o moleque já tem uma certa idade e ele tinha sido treinado por seu avô, Ra’s Al Ghul, para um dia assumir o lugar como seu herdeiro frente a Liga dos Assassinos. Os primeiros contatos do papai Batman mostram certo desagrado com a conduta sanguinária e homicida do filho. Depois de recebê-lo em sua casa, Bruce passa a treiná-lo sob sua conduta para que Damian perca esse instinto assassino que ganhou de seu avô.
A primeira vez que Damian veste o manto do Robin é após a saga Batman R.I.P. onde Bruce é dado como morto e então Jason Todd, na altura o Capuz Vermelho, decide que vai ser tornar o Batman, porém com um pouquinho mais de violência. Vendo que ia dar merda, Dick Grayson, o Asa Noturna, decide ser o Batman oficial, promove Tim Drake, até então Robin, à Red Robin pois o rapaz já era um homem formado, e dá o mando vermelho e verde do Robin à Damian por acreditar que o irmão caçula vai aproveitar muito mais esse período no campo de batalha.
Damian e Tim Drake nunca se deram muito bem devido a clara rivalidade entre os dois para mostrar que é o melhor companheiro do Batman nas missões. A relação do filho biológico de Bruce com o irmão mais velho Dick é um pouco melhor porém no começo das aventuras ele sempre desafiou bastante o antigo/atual Asa Noturna pois não acreditava que Dick era digno o suficiente para substituir seu pai.
Damian é de todos os Robins o mais violento, audacioso e destemido. Desde que se tornou Robin nunca passou o manto para nenhum outro.
Carrie Kelly
Temos pouco para falar de uma Robin alternativa mas que é bastante popular entre os fãs do personagem. Carrie Kelly aparece como Robin, oficialmente, apenas na aclamada graphic novel de Frank Miller, The Dark Knight Returns. Ela era uma simples estudante que um dia foi salva pelo Batman, depois disso ela passou a idolatrar o Cavaleiro das Trevas, começou a juntar dinheiro e fez seu próprio uniforme de Robin, almejando ter um dia a oportunidade de ser escudeira do Homem-Morcego.
O Spoiler é que durante a saga ela vem a ser o Robin sim, e acaba ajudando um Batman que acabara de voltar da aposentadoria.
Essas são as principais versões do prodígio escudeiro do Homem-Morcego, porém ainda podemos citar algumas outra alternativas como o próprio Bruce Wayner que já foi Robin no universo alternativo da saga Sins of Youth que mostra os heróis da DC em versões mais jovens.
Dick Grayson também já deu vida a versões alternativas, dentre elas na aclamada saga O Reino do Amanhã de Alex Ross onde ele assume a identidade do Red Robin e confronta o Batman.
No universo do selo Elseworlds, temos a revista Batman: Dark Allegiances que se passa na Segunda Guerra Mundial[footnote]Que aliás inspirou o uniforme do deserto que vimos no novo trailer de Batman v Superman[/footnote], Bruce, Selina e Alfred são recrutados para combater na Guerra e o mordomo ganha o codinome de Robin.
Ainda no selo Elseworlds, temos o principe Bruce Wayne Junior assumindo o manto do Robin que fora de Dick Grayson.
Na saga Thrillkiller de 1997, que se passa nos anos 60, Barbara Gordon seu auto proclamou Robin, essa saga também é uma versão alternativa e tem uma Coringa mulher e Bruce Wayne como Detetive de Policia. Ela luta ao lado de seu namorado Dick Grayson formando a dupla Batgril e Robin, porém quando o menino prodígio não pode mais exercer sua função o Detetive Wayne assume o manto de Batman e em homenagem ao seu namorada, Barbara passa a ser o Robin.
Falando em cinema, tivemos a personificação de Chris O’Donnell do personagem nos filmes Batman Forever e Batman & Robin, duas pérolas de Joel Schumacher que mereciam ser apagadas da história da humanidade. O Robin dele era o Dick Grayson.
E por falar na galhofa de Joel Schumacher, como não lembrar da gloriosa série dos anos 60, Batman e Robin, onde Burt Ward deu vida ao Robin mais clássico das telinhas e telonas. O seriado foi produzido entre 1966 e 1968, totalizando 3 temporada com 120 episódios de 25 minutos cada. O programa é tão icônico, e completa 50 anos em 2016, que hoje em dia a DC Comics publica uma revista chama Batman ’66 que traz de volta essas versões dos personagens para os quadrinhos. A revista a distribuída exclusivamente online.
E como não lembrar do Robin de Christopher Nolan não é? Demoraram três filmes, todo ator mais jovem que era contratado havia o bendito rumor de que ele seria o Robin, mas aquele Robin que conhecemos nunca deu as caras na trilogia do Cavaleiro das Trevas, mas ainda assim não esteve fora. No último filme de Nolan na direção ele introduziu o personagem John Blake (vivido por Joseph Gordon-Levitt), detetive de policia, que acaba descobrindo a identidade do Batman. No fim do filme descobrimos que seu verdadeiro nome é Robin e ele ainda acaba encontrando a Bat-Caverna, o que é curioso, já que Tim Drake se torna Robin ao descobrir a identidade dos atuais Batman e Robin, e Dick Grayson se torna o primeiro companheiro do Batman ao descobrir a Bat-Caverna depois de Alfred deixar a porta entreaberta por engano. Uma singela homenagem de Nolan aos fãs do prodígio.
#SomosTodosRobins
A DC Comics decidiu comemorar o aniversário do menino prodígio com certa pompa já que lançou no fim de Junho a primeira revista We Are Robin, escrita por Lee Bermejo de Joker. A revista conta a história de vários adolescentes de Gotham que assumem para si o R do Robin e decidem corrigir as injustiças do mundo. As capas também são de Bermejo e as artes são de Jorge Corona, Rob Haynes e Khary Randolph.
Como se não bastasse, a DC ainda vai publicar mais uma revista do personagem, Batman & Robin Eternal que promete substituir durante seis meses a revista semanal Batman Eternal. Os roteiros serão de Scott Snyder, que atualmente escreve a principal revista do Batman, e Jason Tynion IV, mesma dupla de Batman Eternal.
E para colocar a cereja em cima do bolo, uma saga chamada Robin War vai cruzar as revistas We Are Robin, Robin: Son of Batman, e Gotham Academy em dezembro. Além disso a saga terá epílogos da revista Grayson, além das participantes do crossover. Essa saga acontecerá em Dezembro.
E para terminar esse resumão da vida do Robin, vou deixar esse infográfico que a DC lançou para homenagear o personagem, e serviu como base e inspiração para o artigo.