Review dupla porque, bem, porque eu sou um canalha. Spoilers abaixo!
AvX #3 – O plano fantástico do Capitão América
A terceira edição da saga começa com a magnífica visão do Wolverine ainda se recuperando da discussão calorosa (risos) que teve com a Hope na última edição. Logo o canadense já fica a par de tudo o que aconteceu com o Homem-Aranha enquanto esteve “fora”. Nós aproveitamos a brecha e sabemos que os X-Men se renderam.
“Opa, quê? Os X-Men se renderam? A tal mega batalha entre mutantes e Vingadores durou apenas uma edição?” – Calma lá, Zé Carioca, acalme essa alma revoltada.
Astuto como uma raposa (só que ao contrário), o Ciclope não se rendeu de verdade. Ele só deixou acalmar as coisas, ver os Vingadores abaixar a guarda e fugir dali sendo teletransportado pela Magia.
Honestamente, eu só vi um ponto fraco nesse plano: ele só funciona se o seu adversário tiver um cérebro derretido na cabeça. Por sorte dos mutantes (e por azar da lógica, coerência e, sinceramente, meu gosto pelo Capitão América) o Super Soldado, líder experiente dos Vingadores, participante da Segunda Guerra Mundial e um dos heróis mais respeitados da Marvel não previu essa tática do Ciclope e foi surpreendido (um pequeno parênteses – o Wolverine, recém recuperado de uma doença que eu gosto de chamar de ‘Queimado até o Osso’ foi capaz de perceber a tática dos mutantes só de ouvir falar).
Mas se acalmem que esse ainda não é o ponto alto do Capitão no capítulo.
Os mutantes escaparam de Utopia por debaixo do nariz dos Vingadores e saíram na frente na busca por Hope Summers. Disputando com o Capitão o posto de Pior Líder Estrategista da Saga, o Ciclope agora já não sabe o que fazer pra prosseguir com essa vantagem. Sorte que o Namor sugere usar o Cérebro para achar a Hope.
Do outro lado da batalha, já recuperados da fuga dos mutantes, os Vingadores planejam seu curso de ação: usar o Cérebro (que está na escola do Wolverine) para achar a Hope. Pois é, eles também. O problema é que a máquina acusa 5 localizações diferentes para a energia de Hope. Ou seja: os cérebros do Capitão e do Ciclope não são os únicos a não funcionar direito! *tum dum psst*
Imediatamente, Os Vingadores se separam em 5 equipes, cada um indo pra um dos lugares onde a energia de Hope apareceu na máquina de achar-mutantes. O único que não vai é o Homem de Ferro, que vai ficar na base dos Vingadores trabalhando numa maneira de deter a Força Fênix. Considerando o nível de boas idéias dos líderes de ambas as equipes, acho que o plano do Homem de Ferro consiste em lançar uma placa de sinalização no espaço dizendo: “Terra →”. Vamos torcer pra isso.
Aí, chega o fim da edição com o ponto alto do Capitão América:
Ele chama o Wolverine para ir com ele numa das naves dos Vingadores. Alí, os dois começam a discutir a relação. O Capitão diz que ficou magoado pelo Wolverine agir por contra própria em Utopia e o Wolverine diz que o Capitão está errado em querer manter a Hope afastada em algum lugar, que eles tem de matar ela porque senão vai dar merda. O Capitão volta a dizer que não é assim, então o Wolverine diz que ele está errado e BANG! – o Capitão soca o Carcaju.
O que era uma discussão vira uma porradaria em dois segundos e, depois de dar uma bela escudada na cara do Wolverine, o Capitão vai e joga ele do avião.
Recapitulando: você tem um dos caras mais influentes no mundo dos mutantes (que, por acaso, você está enfrentando). Esse mesmo cara é praticamente imortal e está disposto a tudo para salvar o planeta. Você não quer que ele mate a garota, então você joga ele de um avião? Não é um dos planos mais brilhantes, Capitão…
AvX #4 – O Wolverine é o melhor no que faz…
A quarta edição da mega-saga começa com o nosso canadense favorito em ação. Wolverine está na Antártica e usando a pele de um urso polar. Como ele achou um urso polar na Antártica é uma coisa que nós ficaremos sem saber, mas como estamos lendo uma revista sobre uma força energética que se dirige à Terra para usar uma garota mutante que veio do futuro como hospedeira, eu diria que nós não estamos em posição de reclamar desse tipo de coisa.
Enfim, Logan encontra Hope na Antartica. Ele já pretende levar a garota para o lado errado da grama (ou do gelo, no caso), mas Hope tem um plano! Primeiro, ela tenta convencer Logan a conversar oferecendo cerveja (boa idéia), aí ela explica que merece uma chance de tentar domar a Fênix, mas que tem um plano pra tentar remediar as coisas caso não consiga. Ou seja, ao mesmo tempo ela é a pessoa mais consciente e racional da saga. Ponto para a ruivinha.
Os dois saem voando (numa nave que Hope roubou – não sabemos como) e dizendo que vão precisar de uma nave maior. Enquanto isso, o esquadrão enviado para enfrentar a Força Fênix no espaço parece ter sido derrotado e o único que ainda luta é o Thor. “Luta” é uma maneira gentil de falar que ele está apanhando mais do que mulher de malandro.
Enquanto isso, nos EUA, Ciclope e Emma Frost sentam e esperam enquanto os outros lutam. Emma decide controlar a mente do Groxo (que agora é uma espécie de zelador da escola do Wolverine) para poder usar o Cérebro através dele. Com o equipamento, Emma consegue checar todos os cinco locais onde Hope supostamente está e ver como as coisas estão indo.
Em Wakanda, Latveria, Tabula Rasa e na Terra Selvagem, nós vemos através dos olhos (metafóricos, já que ela usa seu poder telecinético) da Rainha Branca vários X-Men e Vingadores lutando. O detalhe fica para reedições de lutas que já aconteceram em Utopia: o Pantera Negra está lutando de novo com a Tempestade e o Coisa e o Namor estão brigando também. Tudo bem, Pantera Negra e Tempestade são marido e mulher, é briga de casal. O Namor tem um histórico com o Quarteto Fantástico, mas francamente. São 5609 Vingadores e 4321 mutantes divididos em 5 lugares diferentes. Não dava mesmo pra fazer outras lutas?
Enfim, prosseguindo. Já que Emma não conseguiu encontrar Hope, ela se contenta em ler a mente do Capitão América. Nesse momento, o Capitão diz para o Homem de Ferro (que está trabalhando na tal tentativa de matar a Fênix – envolve o início do universo, acelerador de partículas, coisas assim) que sabe para onde Hope está indo! Como Emma está lendo a mente dele, ela também sabe! Ooohhh!
Corta para Hope e Wolverine matando um monte de inocente – like dois bosses! Através da intimidação (conseguiram 16 no d20), os dois entram em um foguete e partem para a Lua! Mais precisamente, a Zona Azul da Lua e tal. Lá estão os Vingadores, à espera dos dois. Numa explicação rápida, nós sabemos que o Wolverine contou para o Capitão (depois dele ter sido jogado do avião, mas acho que ele não se lembra) qual era o plano da Hope. Logo depois surgem os X-Men e quando a batalha está para começar, o Thor cai do céu! Bem, tecnicamente não tem céu, mas acho que me fiz entender.
A briga entre Vingadores e X-Men terá de aguardar porque a Força Fênix chegou e agora o bicho vai pegar!
Bem, qual a minha opinião honesta sobre esses dois capítulos? Eu não quero que vocês pensem que eu estou implicando com AvX, mas alguma coisa está claramente fora do lugar. Não vi uma piadinha engraçada do Homem-Aranha, o Capitão América e o Ciclope são dois líderes de merda, nem as lutas são minimamente empolgantes.
No momento que uma adolescente, que teoricamente está vendo uma força energética destruidora vindo para possuí-la, é o ser mais racional e com a melhor idéia da saga, alguma coisa anda mal aí com esses personagens. O quão difícil era para o Homem de Ferro bolar um meio de mandar a Hope para outro planeta, tutoriada por alguns Vingadores e por alguns X-Men, para ela então tentar dominar a Força Fênix? Se ela conseguisse, ótimo para todo mundo! A Hope ajudava os mutantes, podia até entrar para os Vingadores, Terra segura, unicórnios e pôneis coloridos à salvo.
Mas, ao invés disso, os líderes de cada equipe se irritam, brigam entre si por qualquer coisa, não conseguem se acalmar numa situação de crise. Nem parece que esses dois caras viveram todo o tipo de situação extrema antes.
Como nem tudo é ruim, eu estou gostando bastante do Wolverine na série e me surpreendendo com a Hope. Não me lembro de ter lido muita coisa dela, mas a personagem me conquistou e o Wolverine… bem, ele sozinho achou a Hope e a entregou à sua equipe, mesmo tendo sido jogado do avião por eles.
Ah, também gostei das brincadeiras com o nome da Hope. Em certos momentos da batalha, a Emma Frost diz algo como “Em tal lugar, não há esperança!” – brincando dizendo que naquele lugar nem há esperança e nem há a própria Hope. Achei interessante.
A arte de John Romita Jr. nas duas edições mantém um padrão: quando os personagens estão meio de longe ou não estão de frente, está ótima. Quando vemos um close nos rostos dos personagens, ela já fica fraquinha.
No geral dos gerais, AvX está melhor do que alguns dos últimos trabalhos da Marvel, mas ainda é pouco para ser “o evento da década” e tudo mais. Vamos ver na próxima edição, quando acabar o primeiro ato da saga.