A equipe técnica de uma das mais elogiadas revistas d’Os Novos 52, da DC Comics, anunciou hoje que irão deixar o seu posto por causa de interferências da editora no seu trabalho.
O desenhista J.H. Williams III, responsável pela arte e também pelo roteiro (ao lado de W.H. Blackman) da mensal da Batwoman, divulgou no seu blog pessoal a decisão de deixar a equipe técnica da revista.
Leia:
[quote]Nos meses recentes, a DC nos pediu para alterar ou completamente descartar muitas histórias duradouras de maneiras que nós nos sentimos que comprometia a personagem e a série. Nos disseram para jogar fora os planos para a origem do Crocodilo; nos forçaram a alterar dramaticamente o final original do nosso arco atual, que definiria o futuro heróico da Batwoman em novas e ousadas maneiras; e, de maneira mais esmagadora, nos proibiram de mostrar Kate e Maggie se casando. Todas essas decisões editoriais vieram de última hora e sempre depois de um ano ou mais de planejamento e preparando os nossos próprios finais.
Nós sempre entendemos que, por mais que amemos a personagem, a Batwoman no fim pertence à DC. Porém, a natureza tardia dessas mudanças nos deixaram frustrados e irritados – porque essas mudanças nos impedem de contar as melhores histórias que podemos. Então, depois de muita reflexão, nós decidimos deixar a revista após a edição 26[/quote]
No Twitter, o mesmo J.H. Williams III explicou que, pelo menos oficialmente, a DC não tinha problema com o fato do casamento entre Kate e Maggie ser um casamento entre duas homossexuais.
https://twitter.com/JHWilliamsIII/statuses/375495784646471680
https://twitter.com/JHWilliamsIII/statuses/375495392592293888
Aparentemente, a DC Comics pós-Os Novos 52 é anti-casamento, tendo anulado alguns deles (Clark Kent – Lois Lane, Barry Allen – Iris West) e chegando ao ponto de PROIBIR um casamento. Aparentemente, pode noivar, pode beijar, pode até fazer sexo na revista, só Deus nos proteja de algum personagem acabar casando!
O pior disso tudo é a editora simplesmente deixar uma das suas melhores equipes técnicas (e um dos melhores artistas em atividade NO MERCADO de quadrinhos atualmente) por causa de uma postura extremamente invasiva e restritiva em relação aos seus funcionários – algo que, curiosamente, era a marca da sua principal rival e que levou à fundação da Image Comics na década de 90, o que jogou a Marvel numa das suas maiores crises.
A mensal da Batwoman, que vende uma média de 30 mil cópias por mês, não é auto-sustentável porque a Batwoman é uma personagem com uma força sensacional nas bancas. Não é a presença da heroína que vende HQs – é o trabalho que esses dois caras estavam realizando E o potencial social que a Batwoman possui.
E se essa fosse a primeira vez que um artista deixa a DC Comics pós-Os Novos 52 por causa de interferências editoriais, até era mais compreensível: ás vezes foi um caso isolado. Mas esse não é o primeiro, o segundo, o terceiro e nem o quarto caso do tipo em menos de 2 anos. Pelo andar da carruagem, não será o último.