Os éforos e o oráculo em 300

Um dos filmes mais conhecidos do diretor norte-americano Zack Snyder (O Homem de Aço) é a adaptação cinematográfica de 300, graphic novel de Frank Miller. A obra ficcional, baseada nos relatos de Heródoto sobre a Batalha das Termópilas, apresenta uma versão estilizada dos valores culturais e da religiosidade espartana; visão gráfica que foi representada no filme de 2007. Dentre os vários elementos presentes no filme, vamos aqui nos ater na sequência que destaca os éforos e a consulta ao oráculo.

No filme 300, Leônidas, rei de Esparta, pretende enfrentar o enorme exercito persa, mas para isso, decide consultar o futuro. Para consultar a jovem sacerdotisa, Leônidas antes conversa com os éforos que no filme são apresentados como pessoas deformadas.

Historicamente, Esparta era uma diarquia e os éforos era m um símbolo de equilíbrio. Eleitos anualmente em número de cinco, eram os grandes líderes do governo espartano. Presidiam a Gerúsia (conselho de anciãos) e a Apela (assembléia formada pelos cidadãos espartanos maiores de 30 anos) e tinham a função de declarar guerra, administrar a vida política e social da cidade, assim como fiscalizar as atividades dos reis.

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No filme, os éforos são representados como sacerdotes deformados, lascivos e corruptos. A imagem transmite a ideia de que os éforos já haviam sido corrompidos pelos persas que no filme também possuem representações deformadas; na realidade, os éforos não possuíam aspecto religioso como sugerido em 300, eram magistrados e apoiaram a resistência contra os persas.

A consulta aos oráculos fazia parte da religiosidade dos antigos gregos. Não se trata apenas de um aspecto mitológico, pois a prática de se consultar oráculos era bastante comum e real. As pessoas teriam ido aos oráculos consultar os deuses durante mais de mil anos. Registros arqueológicos mostram que muitas oferendas eram feitas aos oráculos, prova de agradecimento e de que as profecias de fato se cumpriam e os conselhos eram proveitosos. Até os governantes das cidades-estados gregas consultavam os oráculos antes de tomarem suas decisões, como ir à guerra, por exemplo,fato retratado no filme 300.

Os mais famosos dos oráculos era o de Zeus em Dodona e de Apolo em Delfos. O oráculo de Delfos era o maior e suas ruínas podem ser visitadas no Monte Parnasso. Segundo os registros históricos, a sacerdotisa inalava os gases vulcânicos da montanha e, em estado de transe, balbuciava a profecia que era interpretada por um sacerdote. Em Delfos, eram sempre as mulheres que transmitiam as revelações dos deuses e cada uma delas era chamada de Pítia.

No filme, Leônidas consulta uma profetisa e na interpretação visual do filme, a vidente inala gases de uma pedra fumegante (provavelmente uma rocha vulcânica) e após o transe diz que os gregos serão derrotados pelos persas. Na realidade, o oráculo consultado foi o de Delfos, que ficava bem distante de Esparta, e a sacerdotisa aconselhou aos gregos a rendição.

Se por um lado a representação dos éforos é bastante fantasiosa, apesar de algumas características históricas do que foram esses líderes espartanos, a sacerdotisa representada no filme guarda aspectos da religiosidade da antiga Grécia.

300 é um filme de grande apelo visual baseado em história em quadrinhos, mas ao representar um fato histórico, não escapa da análise que fizemos aqui, e nem deveria, pois a comparação entre a ficção e a realidade que faço não visa “destruir” o filme, mas sim torná-lo mais interessante no sentido de percebemos as referências históricas utilizadas e como o aspecto visual serve de metáfora tanto para uma análise do que foi a Grécia Antiga assim como esse passado histórico ainda se apresenta para nós atualmente.

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