Aqui no Brasil nós temos alguns problemas bem chatos com video-games. Esses problemas atendem pelo nome de impostos. Com eles, nossos jogos e consoles custam mais ou menos o preço de um fusquinha usado – mas não muito usado também, num estado aceitável.
Porém, alguns outros países possuem uma situação relativamente piorada. Como a China por exemplo.
Lá, os video-games são banidos desde 2000. Não que isso resulte em alguma coisa, já que jogos e máquinas são vendidos por lá mesmo assim – só que naquela maneira mais ilegal e malandrona.
Só que isso deve acabar em breve. De acordo com o jornal local South China Morning Post (via Kotaku), o governo chinês cogita acabar com esse banimento de 13 anos de video-games no país.
“O que isso significa pra mim, que não moro e nem tenho o interesse de ir visitar a China?”. Bom, você gosta de joguinhos? Então vamos lá. Você também gosta de cinema? Assistiu à Homem de Ferro 3? No filme, a Marvel incluiu personagens chineses e até filmou por lá, para poder lançar o longa no país e encher os cofres de dinheiros chineses. O resultado? Mais de $1 bilhão de dólares nas bilheterias. Amanhecer Violento, que foi lançado no ano passado, originalmente teria o exército chinês como vilão. As filmagens foram até feitas assim. Foi na pós-produção que trocaram o exército chinês pelo exército norte-coreano para não ofender o público da China e perder $$$ nas bilheterias.
Com os consoles sendo legalizados por lá e a China entrando oficialmente como mercado na indústria dos games, imagine a quantidade de milhões de dinheiros que vão irrigar a indústria e, inevitavelmente, afetar (ou talvez moldar?) o interesse das grandes desenvolvedoras e distribuidoras. Talvez nós possamos sentir essa mudança de uma maneira mais sutil (chineses não são mais vilões em FPSs e talvez um Assassin’s Creed use a história da China como base), talvez nós possamos sentir de maneira mais aberta, com as empresas tomando decisões comerciais com base nas vontades do mercado chinês – para colocar em perspectiva, a China sozinha tem mais gente que a Europa inteira somada com a América do Sul!
Porém, contudo e todavia, há uma pequena pegadinha nessa história. De acordo com a matéria do jornal chinês, as produtoras de consoles (Sony, Nintendo e Microsoft), precisarão produzir os seus consoles em Shanghai e o governo chinês precisará aprovar todos os games e seu conteúdo para que eles possam ser lançados na China (ou seja, nada de chineses como vilões!).
A “pegadinha” nessa parte é que estabelecer uma fábrica em Shanghai é mais caro do que estabelecer em outros pólos industriais chineses (como Henan). Tendo de criar uma fábrica em Shanghai, essas empresas ficariam com duas linhas de produções diferentes: uma linha para o mundo todo e outra linha só para a China – sem falar que essas empresas já possuem fábricas na China! Por outro lado, é bem possível que esse tipo de ação seja tomada para evitar a exploração de trabalhadores chineses, como acontecem em outras fábricas de outras empresas e já foram denunciadas há algum tempo.
Seja como for, essas são grandes notícias. Se confirmada, essa ação do governo chinês pode (e deve) influenciar o mercado dos games nos próximos anos.