Transformers: A Era da Extinção | Crítica

A franquia iniciada por Michael Bay (Bad Boys 2) em 2007 chega ao seu quarto filme com um elenco quase todo reformulado mas mantendo a cronologia e explodindo muita coisa. O filme estreou lá fora batendo recordes de bilheteria, conseguiu arrecadar mais de $400 milhões de dólares em apenas 7 dias e a essa altura do campeonato já é o filme mais lucrativo do ano.

Alguns anos após o grande confronto entre Autobots e Decepticons em Chicago, os gigantescos robôs alienígenas desapareceram. Eles são atualmente caçados pelos humanos, que não desejam passar por apuros novamente. Quando Cade (Mark Wahlberg) encontra um caminhão abandonado, ele jamais poderia imaginar que o veículo é na verdade Optimus Prime, o líder dos Autobots. Muito menos que, ao ajudar a trazê-lo de volta à vida, Cade e sua filha Tessa (Nicola Peltz) entrariam na mira das autoridades americanas.

Michael Bay durante as filmagens de Transformers 4
Michael Bay só curtindo as explosão!

Qualquer pessoa que ainda tenha alguma dúvida sobre a marca que Michael Bay gosta de imprimir em seus filmes, a partir de hoje, torna-se obrigatório assistir à Transformers: A Era da Extinção. Em nenhum outro filme de sua carreira o diretor extrapolou tanto assim de suas assinaturas. Eternos 165 minutos (SIM, DUAS HORAS E QUARENTA E CINCO MINUTOS), de muita explosão, carros, velocidade, câmera trêmula, mulheres de roupa justa, explosões, porrada, tiros, explosões, metal sendo dilacerado como nunca antes visto, e mais algumas explosões. O enredo de Transformers 4 é tão raso que se perde no alegórico show de efeitos visuais.

[quoteleft]Boom! Michael Bay[/quoteleft]

O mais deprimente nesse quarto longa é que Michael Bay já havia consagrado a franquia, lucrado bilhões com ela, não queria voltar depois de O Lado Oculto da Lua (mas agora já vai fazer até um eventual quinto filme) e aceitou fazer Transformers 4 com carta branca para colocar na tela o que quiser, desde que tenha os robôs e o nome Transformers, e ele nos entrega o pior filme da quadrilogia e quiçá o pior filme de sua carreira.

Quando os primeiros trailers saíram, uma das principais reclamações do público era, novamente, o fato do filme focar mais nos personagens humanos, mesmo que com o elenco humano quase todo reformulado. Essas pessoas que reclamaram vão se surpreender, o filme não é assim tão focado dos humanos, porém, a franquia estava melhor focada nos humanos. Michael prefere deixa a histórias do núcleo humano repletas de clichês, aumentar o núcleo dos Tranformers com mais personagens e acrescentar um pouco de trama que é independente dos humanos, mas que no fim das contas, acaba por se resolver com aquilo que o diretor mais gosta de mostrar: porrada, destruição e explosões.

Mark Wahlberg, Nicola Peltz e Jack Reynor
Mark Wahlberg, Nicola Peltz e Jack Reynor

O enrendo de Transformers 4 é uma repetição de tudo o que você já viu na franquia. A história de Cade (Wahlberg) acaba por se cruzar com os Autobots de maneira aleatória tal como Sam (Shia LaBeouf) conhece o Bumblebee. Cade, que é um inventor, acaba por ajudar Optimus Prime e a partir daí abraça a causa pró-Autobots sem questionar muito e faz tudo para ajudá-los sem medir muito as consequências. O filme tem duas grandes tramas, que parecem ser dois filmes. Na primeira, a mocinha cai nas mãos do vilão e começa uma corrida contra o tempo para resgatá-la. Na segunda, a corrida contra o tempo é outra, agora Autobots e seus amigos humanos têm de impedir que a Terra seja destruída. Ambas as idéias são chupinhadas de O Lado Oculto da Lua. Sem falar que o núcleo pai, filha e namorado (Mark Whalberg, Nicola Peltz e Jack Raynor) repete as mesmas piadas e brincadeiras do núcleo parecido em Bad Boys 2, quando Will Smith namora a irmã de Martin Lawrence.

O filme também peca com alguns problemas de continuidade como o fato dos Dinobots serem apresentados ao público logo no primeiro take e então serem esquecidos até que depois de DUAS HORAS E VINTE E CINCO MINUTOS, Michael se lembra dos novos brinquedos e resolve que é hora dos dinossauros robotizados entrarem em ação para explodir e dilacerar algum metal.

Transformers 4
Supermichael!

Como se não bastasse, Transformers 4 tem ainda um exagero astronômico de product replacement, algo que não incomodaria tanto num filme independente, com história original e que encontrou nessa forma de publicidade uma maneira de levantar os recursos necessários para acontecer. Mas em Transformers isso beira o inaceitável. O filme todo já é um enorme product replacement para os brinquedos da Hasbro e ainda exagera MUITO na quantidade de marcas inseridas durante a projeção.

Até os efeitos visuais estão abaixo do esperado, fazendo notar vários chromakeys. Infelizmente não pude assistir à versão 3D do filme, mas existem muitas cenas feitas para se beneficiar da tecnologia.

Com o núcleo humano reduzido, as atuações pouco empolgam. Mark Wahlberg é sólido com seu personagem que não exige muito. Nicola Peltz está ali para fazer o papel de Megan Fox e usar roupas justas, infelizmente, eu já achava a atriz bem razoável na série Bates Motel, ela não fez grandes esforços para mudar isso. Jack Raynor consegue, apesar do pouco destaque, entregar um personagem caricato e que nos tira alguns sorrisos. Stanley Tucci dá vida à um personagem muito parecido com o de John Malkovic em O Lado Oculto da Lua, tão caricato quanto desinteressante.

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Transformers é daquelas franquias onde nunca vai haver unanimidade, e não é por que não adapta bem uma obra (como uma HQ por exemplo) e sim porque os zibilhões de fãs vão usar sempre o mesmo discurso de que é um filme para você “deixar o cérebro em casa” e relaxar, se divertir (como se não fosse possível se divertir usando o cérebro). Os pré-dispostos a reclamar, vão reclamar dos mínimos detalhes. Os indiferentes vão ter a opinião mais próxima do que realmente é esse quarto filme: um show off de efeitos visuais numa história que você já sabe o final. Depende de você achar válido ou não.

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