Crítica – O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro

Apenas dois anos depois de O Espetacular Homem-Aranha ser lançado, a sua sequência estreia dando prosseguimento ao exaustivo plano da Sony de criar um “Aranha-verso” nos cinemas (serão 4 filmes do Homem-Aranha e, pelo menos, mais 2 spin-offs até 2018).

Em O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, Peter Parker (Andrew Garfield) vem vivendo sua vida como pode depois dos eventos do primeiro filme. O Homem-Aranha é adorado por parte da população e visto com desconfiança por outro tanto, ele está prestes a concluir o colegial e firme na sua relação com a adorável Gwen Stacy (Emma Stone). Porém, as coisas começam a se complicar quando o seu velho amigo Harry Osborn (Dane DeHaan) retorna à Nova York após passar anos no exterior e quando o fracassado Max Dillion (Jamie Foxx) sofre um acidente que o transforma no Electro, o inimigo mais poderoso que o Homem-Aranha já enfrentou.

O Espetacular Homem-Aranha

Enfim, o que dizer desse Homem-Aranha 2 que mal conheço, mas já considero pacas? Se eu tiver de resumir o filme numa frase, eu direi que ele tem alguns problemas, mas que esses pequenos tropeções somem em comparação com os grandes e numerosos acertos desse longa.

Pra começo de conversa, O Espetacular Homem-Aranha 2 é muito, MUITO melhor do que O Espetacular Homem-Aranha, principalmente porque mantém os pontos positivos daquele longa e corrige os defeitos. A começar pela tal “teia de acontecimentos” que a gente viu no primeiro filme.

Lá, todos os eventos e personagens estavam interligados numa metafórica teia de aranha com Peter Parker no meio. Aqui, todos os personagens e eventos continuam interligados numa metafórica teia de aranha, só que quem está no centro disso tudo é a Oscorp – a mudança pode ser sutil, mas faz toda a diferença. Primeiro porque essas ligações são planejadas e explicadas, não é como o primeiro filme onde o vilão tinha ligação com o pai do Peter, com a Gwen e com o Homem-Aranha apenas “porque sim”. Aqui, as conexões existem através da Oscorp e são mais bem estruturadas.

Até em termos de perspectiva essa mudança faz mais sentido: acompanhando tudo pelos olhos de Peter, no primeiro filme nós víamos a “teia” desde o segundo ato e tudo ficava previsível; agora, nós vamos descobrindo as ligações lentamente e qual o sentido que elas fazem.

O Espetacular Homem Aranha 2 03

Mas é nos acertos mantidos do filme passado que as coisas realmente ganham vida. A cena de abertura do longa, onde vemos o Homem-Aranha tentando parar um roubo de material nuclear efetuado por Aleksei Systsevich (Paul Giamatti), é a perfeita definição disso. Com o perdão do trocadilho previsível (mas inevitável), é espetacular ver o Homem-Aranha ganhar vida nesses momentos. Todos os elementos que fazem o herói ser quem ele é estão ali: suas piadas, sua movimentação, sua vida pessoal interferindo na vida do Homem-Aranha, sua relação com Nova York e seus habitantes, sua responsabilidade enquanto super-herói e, principalmente, sua abordagem leve em ação. Tudo isso é comprimido numa dose de 10 minutos que fã nenhum do Cabeça de Teia poderia colocar defeito.

[quoteleft] Sabe o que eu mais gosto em ser o Homem-Aranha? Tudo. Peter Parker[/quoteleft]

E, pra ficar melhor, esse cuidado segue durante o resto da projeção porque O Espetacular Homem-Aranha 2 é moldado ao redor da personalidade de Peter Parker. Essa decisão possui pontos positivos e negativos, mas vou explicar melhor o que quero dizer com isso.

Sabe quando em Batman: O Cavaleiro das Trevas o Coringa meio que define o filme? Suas ações que movem a trama em todos os momentos e, no fim, é a filosofia do personagem que mostra sobre o que o longa falava. Esse é basicamente o padrão em filmes de super-heróis, com os vilões definindo e moldando as projeções – quando algum longa foge um pouco disso, acaba sendo mal-recebido pelo público (Homem de Ferro 3?).

O Espetacular Homem-Aranha 2 praticamente ignora seus vilões nesse ponto, sendo o filme mais “peterparkerniano” possível. Praticamente cada elemento que forma a identidade do herói está ali, tudo culminando numa cena final que palavras como “emocionante”, “tocante” e “definidora” talvez não façam juz ao descrevê-la.

Porém, essa medida traz pontos negativos. Por focar menos no seu vilão, nós temos menos tempo pra efetivamente conhecê-los e entender quem são aqueles personagens. E, por serem dois caras como antagonistas, suas ações ficam ainda mais confusas e apressadas. A gente realmente não chega a entender quem são Electro e Harry Osborn e, talvez o principal problema, é que não há muito o que entender nesses dois.

"O que você quer dizer com "caricato"?"
“O que você quer dizer com “caricato”?”

O pior dos dois é Electro. Ok, talvez “pior” seja um termo muito carregado, mas o personagem é muito prejudicado no filme. Não por causa de Jamie Foxx, que realmente entra de cabeça no papel e faz um bom trabalho, mas pela apresentação de Max Dillion ao público. Algumas críticas internacionais compararam o filme com o medonho Batman & Robin e essa comparação é quase justificada no primeiro arco por causa de Max, que é uma figura MUITO caricata, a ponto de ter uma musiquinha tema vergonhosa. Quando ele vira Electro, as coisas melhoram um pouco, ele se torna mais ameaçador e mais interessante, mas ainda assim continua unidimensional e mantém uma música tema – dessa vez um dubstep extremamente alto.

Sobre Harry Osborn é difícil falar sem dar muitos spoilers. Vamos só dizer que ele possui um arco que é fundado sobre algumas premissas meio nebulosas e sua personalidade fica um pouco confusa. Não dá pra concluir se ele é uma boa pessoa que se torna sombria por causa da negligência do pai ou se são as circunstâncias do filme que fazem isso com ele. Dane DeHaan, porém, faz um bom trabalho aqui (na medida do possível) e responde aos fãs que reagiram negativamente quando ele foi escalado pro papel.

Ainda no núcleo principal do elenco, nós temos Emma Stone e Andrew Garfield no papel do casalzinho Gwen Stacy e Peter Parker. A relação dos dois é, talvez, a principal engrenagem motora do filme, criando diversos obstáculos pros dois – a promessa de Peter ao pai de Gwen, o medo dele de ferí-la, o fato dessa escolha (se envolver ou não) ser dela, etc. E, por mais que exista aquela visão meio machista em Hollywood de que “romance em filme de super-herói é pra atrair as meninas pro cinema”, aqui a relação dos dois é realmente trabalhada e possui uma importância real no desenvolvimento tanto do filme quanto dos personagens.

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E o que O Espetacular Homem-Aranha 2 significa para esse tal “Aranhaverso” da Sony? Numa palavra, começo. A gente vê (não explicitamente) o início do Sexteto Sinistro aqui e todo o “alvará” para que o Venom surja em cena no seu próprio filme. Além disso, a mitologia do Homem-Aranha é cuidadosamente plantada nesse longa (desde cenas engraçadinhas, como Peter mandar uma foto do Homem-Aranha por email para J.J. Jameson dizendo que “o Homem-Aranha só quer ajudar” e receber um email com “WRONG!” no assunto), como a inserção de personagens que os fãs sabem quem são, mas que aparentemente não possuem grande importância nesse filme – é difícil não gritar o nome deles aqui.

Pra concluir, O Espetacular Homem-Aranha 2 é uma melhoria enorme em relação a última aventura do personagem. Talvez, enquanto cinema, ele não seja o “melhor filme” do Homem-Aranha, mas não dá para negar que é o mais Homem-Aranha de todos os filmes do herói. Se você é um fã de longa data do Cabeça de Teia, esse é o filme que você não vai querer perder.

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