Brad Pitt é o protagonista de Moneyball – O Homem Que Mudou o Jogo, um filme sobre baseball. Sobre baseball? Então isso significa que você não vai gostar? Não, amigo. Não significa isso.
A primeira coisa que deve ser dita sobre Moneyball – O Homem Que Mudou o Jogo é que você não precisa conhecer o baseball pra entender o filme. Se você não sabe qual a função de cada jogador em campo ou as regras do esporte, não se preocupe. Você vai entender a idéia do filme e não vai ficar perdido no cinema. Isso acontece porque o filme não é sobre a partida de baseball, mas sim sobre a maneira como o esporte é gerido.
No filme, Brad Pitt interpreta Billy Beane, um ex-jogador de baseball e gerente do Oakland Athletics, um dos times mais pobres da liga de baseball dos EUA. Na época que Billy Beane assumiu o time, ele tinha o 3º menor orçamento da liga. O grande problema é que, como em todos os esportes, o clube mais rico é aquele que tem mais condições de contratar os melhores jogadores e Billy Beane sofria com o fato de não ter dinheiro para contratar bons jogadores ou manter aqueles do seu time que se destacavam.
O filme foca muito nessa parte do baseball (e da maioria dos esportes coletivos): como o jogo já começa injusto, colocando os clubes mais ricos acima dos clubes mais pobres sempre. No fim das coisas, em termos de clubes, o campeonato não se decide no campo, mas nas meses de negociações. Não era o melhor que vencia, mas sim aquele com mais dinheiro. O esporte devia mesmo se chamar Moneyball, não o sistema.
É aí que entra em cena Peter Brandt, interpretado pelo ótimo Jonah Hill. Ele é um matemático que criou um sistema que utiliza as estatísticas das partidas para determinar quais os melhores jogadores para cada posição.O sistema entra em total conflito com a mitologia e tradição do baseball ao definir que todo o trabalho dos olheiros no esporte nos últimos anos é subjetivo e falho. No fim, todo o sistema é baseado na leitura das estatísticas dos jogadores durante as partidas de baseball.
Beane decide apostar no sistema, apesar de ser ridicularizado pela imprensa e colegas de profissão. O filme mostra a temporada inteira do Oakland Athletics, os resultados do time e como o sistema implantado por Brandt e Beane realmente mudou o baseball nos EUA.
Como dito no primeiro parágrafo, não é necessário nenhum grande conhecimento prévio sobre o esporte pra entender e curtir o filme. O roteiro (ótimo por sinal) usa de pequenos subterfúgios como reportagens de TV ou comentários no rádio para passar ao espectador todas as informações que eles precisam ter, como as derrotas ou vitórias do time. Nesses momentos, a fotografia do longa foca no protagonista em silêncio e somos brindados com a ótima atuação de Brad Pitt, enquanto nossa atenção é dividida entre ouvir o que aconteceu no campo e ver como Beane reage à isso.
Aproveitando o gancho, separo um espaço para falar do elenco e suas atuações. Brad Pitt e Jonah Hill carregam o filme como a dupla principal do longa. A interpretação de Brad Pitt é extraordinária. O ator sabe aproveitar os momentos de silêncio e os diálogos para expressar as nuances do seu Beane, um profissional à procura de uma saída para escapar do ciclo vicioso onde está inserido e que percebe toda a ineficácia dos atuais métodos do seu trabalho. Apesar de apostar no sistema desde o começo, graças à performance de Pitt nós somos capazes de detectar a desconfiança do próprio personagem no que está fazendo. E, conforme os resultados vão sendo ruins, nós vemos Beane abandonando seus receios pouco a pouco até o momento onde ele pula de cabeça na jornada. Essa construção (ou desconstrução) do personagem é um dos maiores acertos de Pitt como ator no longa. Ah, e a luta contra todos os móveis dos cenários também!
Já Jonah Hill faz o matemático que cria o sistema utilizado pelo Oakland Athltetics. Tendo trabalhado principalmente em comédias, Hill dessa vez mostra seu talento num papel dramático, mas que ainda assim é responsável por algumas das risadas tiradas da platéia. Seja como for, o ator mostra que tem muito potencial para crescer em Hollywood e que mereceu sua indicação ao Oscar 2012.
O filme ainda tem nomes como o de Philip Seymour Hoffman, mas ele possui muito pouco tempo de tela se comparado com os dois principais.
Moneyball – O Homem Que Mudou o Jogo é um filme dotado de excelência técnica, como sua ótima fotografia, o ótimo roteiro (escrito pelos geniais Steve Zaillian e Aaron Sorkin) e das maravilhosas atuações do seu elenco, mas é também um filme que brilha pela sua história de redenção. Ao não se utilizar dos grandes clichés do gênero, o filme consegue dar uma nova roupagem ao gênero do drama-esportivo e entrega ao seus espectadores a história de um homem que agarrou uma hipótese de mudar o ambiente onde estava inserido à seu favor. Pelo menos por um tempo (mini-spoiler-que-não-é-spoiler: depois de Billy Beane revelar o seu sistema em um livro, anos após os eventos do filme, todos os times de baseball dos EUA começaram a usar o mesmo sistema e o Oakland Athletics voltou à sua velha rotina).
Se você tiver a chance de ir ao cinema nesse fim-de-semana, não esqueça de conferir Moneyball – O Homem Que Mudou o Jogo. Ele não tem a grife de outros indicados ao Oscar 2012, não tem a popularidade de outros longas e fala de um esporte que não é comum ao brasileiro. Mas vá assistir, você vai se surpreender.
Veja o trailer do filme:
http://www.youtube.com/watch?v=Jhgc-1IHyGQ