As comédias brasileiras, há certo tempo, eram sempre protagonizadas pelas mesmas pessoas, incondicionalmente. Mas nos tempos atuais, com a nova safra de comediantes que está surgindo no Brasil, essa realidade mudou (e para melhor). No filme ‘Os Penetras’ temos mais uma amostra do trabalho dessa nova safra e dos frutos que podem sair dela; Protagonizada por Eduardo Sterblitch e Marcelo Adnet, Os Penetras diverte e surpreende.
Excelente caracterização dos personagens
Rio de Janeiro. Aquele sol maravilhoso, as praias lindíssimas, os cartões postais mais lindos ainda. Um cenário perfeito para uma história de comédia. Na verdade, o que se passa no Rio não são só coisas boas, como aprendemos logo no início do filme. Beto (Sterblitch) é um cara cego de amor que quer porque quer sua amada, Laura, de volta. Quando suas tentativas são frustradas, ele resolve se matar. É então que ele acaba conhecendo Marco Polo (Adnet), em meio a uma desventura. Adnet é um daqueles caras que conhece ‘os atalhos’ das coisas. É um típico 171. Seja seu objetivo dar golpe em ricaços ou velhinhas, ele não exita.
Os dois personagens se encontram e aí começa a história: Beto, com muito dinheiro na carteira, e muita tristeza no coração quer, desesperadamente, recuperar Laura. E Marco, promete ajudá-lo em sua tarefa. A partir daí, o filme toma um rumo muito interessante, porque é quando as maiores aventuras e as maiores cenas de comédia acontecem. O que é importante ressaltar é que no início do filme, a caracterização dos personagens é excelente. Muito boa mesmo, mostrando todas as situações em que os principais se meteram.
Humor pontual e refinado. E engraçado (dãã)
Aliás, não é um filme daqueles que você não para de rir, porque ele não se preocupa com isso. Se preocupa, primeiramente, em contar a história com algumas cenas pontuais e hilárias. OK, quando eu disse que você ‘não vai parar de rir’ tentei dizer que você pode não gargalhar desesperadamente em todos os momentos, mas um sorriso sempre estará exposto em seu rosto, com certeza.
O filme também usufrui dos múltiplos cartões postais do Rio de Janeiro, e isso é muito interessante, porque somente acrescenta interesse à história em si e até cobre alguns possíveis erros. O roteiro é bem amarrado, coeso e interessante, méritos de Andrucha Weddington, diretor do filme. Seja na variância do posicionamento das câmeras que acontece em todas as cenas ou então no interese que io roteiro causa no espectador, Os Penetras é um bom filme. As cenas de humor não são forçadas, o que é ótimo, e ainda por cima não são ‘soltas’, todas têm um significado para a história (como na cena do carro de polícia, uma das melhores). E são hilárias.
Atuações
Adnet e Sterblitch completam um ao outro. A química entre os dois (um fazendo um cara mais bobo e o outro o ‘171’) é algo muito importante a se ressaltar: tanto nas cenas normais, em que só a atuação importa quanto nas cenas de comédia, os dois se saem muito bem. E você pode perceber que eles estão realmente se divertindo com aquilo. Isso é muito bom.
Sterblitch, especialmente, mostrou que é muito mais do que um Freddie Mercury Prateado. Mostrou ser um ator maduro e sério, podendo mostrar múltiplas faces e fases numa mesma narrativa. Já Adnet, também mostrou ainda mais do que imitações, colocou falas no roteiro e improvisações com Sterblitch que só enalteceram a narrativa. E Mariana Ximenes, com sua beleza exuberante e atuação refinada, esteve excelente em seu papel.
O espectador brasileiro
Independentemente do que as pessoas escrevem em fóruns e caixa de comentários de alguns sites, você deve ver esse filme. Porque é divertido, porque é engraçado e porque, acima de tudo, é uma das melhores produções, pelo menos no ramo da comédia, do Brasil. Ou então, está no mesmo nível das outras desse mesmo gênero.
Não julgue o filme pelo pôster. Ou pelo trailer. Julgue pelo que você vê em cena. Isso vai enriquecer o seu senso crítico e, acima de tudo, você vai acabar descobrindo que esse é um ótimo filme.