Já tinha decidido em 2015 que 2016 seria o ano das mulheres na minha estante. No entanto, logo no início do desafio, já percebi um dado alarmante: A presença de autoras nacionais no meu acervo era, em números, bem pouco significativa.
Não sei quantos de vocês reparam nisso, mas eu percebi, e me incomodou um pouco. Assim, fiz a limpa nas prateleiras, separei o que tinha das brasileiras e fui ler. Enquanto eu leio mais, fica para vocês uma apresentação rapidinha do trabalho de duas das que já encontrei, li e aprovei:
Marina Oliveira
Escritora estreante, Marina Oliveira publicou em 2015 A Parede Branca do Meu Quarto, história de Mariana, estudante brasiliense aplicada que sofreu um ataque nervoso durante uma prova, foi parar no youtube e virou webstar pelo episódio. O livro cobre seu terceiro ano de ensino médio, numa nova escola, com todos os rituais de passagem esperados: Novas amizades, novos interesses amorosos, superação de antigos traumas e auto-aceitação. A narrativa se inicia com uma Marina focada e sisuda, que automaticamente classifica aqueles ao seu redor dentro dos rótulos estudantis que ela mesma detesta, filtrando “aliados” e “inimigos”. Aos poucos, a autora desconstrói Mariana, revelando seus medos, suas tristezas e seus afetos. A Parede Branca do Meu Quarto expõe uma jornada de autoconhecimento que se dá num dos períodos mais estranhos da vida: a adolescência. Talvez por isso seja tão interessante ver as decisões tomadas pela protagonista; Você acaba pensando “Ei… Será que eu teria feito a mesma coisa?”
Mais informações sobre a Marina aqui.
Luisa Geisler
Autora que li recentemente em Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente, Luisa Geisler já foi indicada a mais ou menos todos os prêmios literários do universo; Exageros à parte, ela foi finalista de um Prêmio Jabuti e ganhou outro. Se o currículo já não impressionasse o suficiente, eu me renderia ao talento demonstrado em Luzes de Emergência.
À exceção de algumas cenas, o livro inteiro é narrado pelas cartas de Henrique, aka Ike, para seu amigo Gabriel, que sofreu um acidente doméstico que teria sido considerado digno de piada se não o tivesse deixado em coma. Carta por carta, Ike narra seu dia-a-dia, seu relacionamento com a namorada, os amigos, os clientes aleatórios que aparecem no posto de gasolina onde trabalha e o estado de saúde de Gabriel.
Uma incógnita que me desorientou em algum lugar entre ‘descompromissado’ e ‘profundo pra *”, Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente navega livremente entre o cômico e o melancólico. Além disso, Ike é um personagem tão carismático e (às vezes) confuso que inevitavelmente ganhou minha simpatia.
E assim encerramos mais uma dobradinha. Alguém aí tem mais indicações de autoras brasileiras, já lidas ou na espera? Se sim, ajudem aí, porque a lista ainda pode crescer muito!