O Homem de Aço – Crítica

Com estreia oficial prevista apenas para o dia 12 de julho desse ano, o novo filme do Superman deve começar a ser exibido em pré-estreias pelo Brasil a partir de amanhã, dia 28 de junho.

Sendo assim, publicamos já a nossa opinião sobre O Homem de Aço, filme dirigido por Zack Snyder (300) e escrito por David S. Goyer (Batman – O Cavaleiro das Trevas). O Universo Compartilhado da DC Comics nos cinemas começa aqui, com o Superman.

Vamos lá!

Man of Steel

Em O Homem de Aço, acompanhamos a formação do Superman, interpretado aqui por Henry Cavill (The Tudors). Ou melhor: acompanhamos a formação de um novo Superman, adaptado para o Século XXI e para um público que cresceu assistindo o Batman, o Wolverine e até os Vingadores e achando o Último Filho de Krypton obsoleto, ultrapassado, “certinho demais”.

A narrativa do filme funciona numa espécie de vai-e-vem, onde acompanhamos o Clark Kent adulto viajando pelo mundo, tentando encontrar o seu lugar da Terra, ao mesmo tempo em que vemos flashbacks do seu passado  – recurso utilizado para poder contextualizar o personagem numa trama que dura poucos dias.

A vida de Clark sofre uma guinada brusca quando o General Zod (Michael Shannon), um exilado militar de Krypton, chega à Terra com parte do seu exército para procurar pela chave que simboliza o renascimento do lar dos kriptonianos. A partir daí, o bicho pega.

E pega. Mesmo.

Zod Michael Shannon

Em termos de cenas de ação e combate, eu não lembro de ter visto nada no cinema Hollywoodiano que se comparasse à O Homem de Aço – talvez apenas Os Vingadores, no ano passado, embora o filme de Joss Whedon tivesse um escopo bem menor nas suas cenas de ação. Se eu fosse precisar buscar comparativos em outras obras para falar sobre os combates de O Homem de Aço, eu diria que o que vemos é uma versão live-action de Dragon Ball Z – ou uma mistura entre Os Vingadores e Transformers.

O fato é que temos kriptonianos se degladiando pelo céu, trocando socos por um milharal e destruindo um posto de gasolina no meio do caminho, então mais dois kriptonianos (um muito parecido com o Hulk) chegam para brigar enquanto helicópteros do exército metralham os participantes. Carros são usados bolas de baseball, trens são arremesados e explosões ocorrem. E essa é apenas uma cena.

Toda essa ação frenética poderia causar vertigem ou algum tipo de desorientação no espectador – as de Transformers causam, por exemplo – mas isso não acontece em O Homem de Aço. As cenas são muito bem legíveis e os efeitos especiais são os melhores possíveis na indústria (o orçamento de $270 milhões de dólares não poupou nisso). Aliás, é comum as críticas elogiarem diretores, roteiristas e atores, mas existem outros profissionais que trabalham em produções desse tipo que merecem elogios – os envolvidos nos efeitos especiais de O Homem de Aço estão mais do que de parabéns, pois fizeram um trabalho incrível pelos olhos de alguém totalmente sem conhecimento no assunto.

Mas não é só de porrada, vôos e destroços de prédios que se faz O Homem de Aço – embora boa parte seja. O longa tem mais a dizer sobre humanidade, o Superman em si e o Universo DC nos cinemas.

Amy-Adams-in-Man-of-Steel.

Parte dessa outra “cara” do filme vem durante os seus primeiros 70 minutos (com a conclusão no desfecho do filme), onde o herói é construído através das suas ações no presente e lições do passado. O Kal-El/Clark Kent/Superman desse filme é, mais uma vez, uma construção em cima do mito cristão de Jesus. Digo mais uma vez, porque foi a mesma ideia com que Bryan Singer (X-Men) montou o seu Superman – O Retorno, um dos mais incompreendidos filmes de heróis que se tem notícia.

Aqui, o Último Filho de Krypton é também a versão de capa (e sem a cueca por cima da calça, dessa vez!) de Jesus Cristo, no sentido de ser aquele cuja função é guiar a humanidade ao Sol – ou, em termos menos poéticos, inspirar a humanidade a evoluir moralmente. Aprendendo com os erros de Superman – O Retorno, os responsáveis por esse O Homem de Aço colocaram essa mensagem da maneira mais visual possível (literalmente, já que há uma certa cena numa igreja em que… bem, deixa pra lá), para evitar que a mensagem do filme fique no ar e seja realmente entregue aos espectadores.

Nisso, o filme se sai bem – afinal, eu poderia definí-lo como Superman: O Retorno versão blockbuster. “Uma versão mais light do que a última aventura cinematográfica do Superman tinha de bom, com absolutamente nenhum dos seus erros” também parece uma boa definição do que é O Homem de Aço.

man of steel banner

Deixando a parte da história e dos seus significados para trás (pretendo colocar um outro texto no Supernovo mais pra frente), é hora de falar dos nomes que fizeram desse projeto realidade. O Homem de Aço reúne o que a gente pode chamar de “esperança da Warner”. A direção é do “visionário” Zack Snyder, o homem por trás de Watchmen, 300 e Sucker Punch – que já provou ser capaz de fazer filmes tão bons quanto péssimos. A produção é de Christopher Nolan (A Origem), o queridinho da Warner, ao lado Jon Peters, Lloyd Phillips, Charles Roven, Deborah Snyder, Emma Thomas e Thomas Tull, nomes desconhecidos do grande público, mas que estiveram envolvidos em recentes sucessos do estúdio – com a exceção de Jon Peters que não faz nada desde Superman: O Retorno e deve ter levado o crédito de produtor nesse filme por motivos de razões.

O trabalho desses caras – ao lado do roteiro de David S. Goyer – foi o de criar um Superman que “pudesse existir no mundo de hoje”. Essa prerrogativa vem tanto em termos físicos (como ele voa? De onde vem seus poderes? Quais os seus limites?) até em termos mais mercadológicos mesmo – o personagem tem vivido uma baixa popularidade com o público mais jovem, que prefere nomes como Batman, Wolverine ou Tony Stark.

Ouso arriscar que a missão foi cumprida. Do ponto de vista físico, esse é o filme que mais adiciona e explora aspectos da mitologia do Superman, principalmente quando o assunto de Krypton. O planeta natal de Kal-El e Zod nunca foi tão mostrado nas telonas e o trabalho da produção do filme nesse sentido é incrível! Nós finalmente sentimos a sociedade kriptoniana como algo palpável e não como um Marlon Brando distante dos seus melhores dias nos sets de uma ficção-científica ruim – e ficção-científica é o termo aqui, já que o longa apresenta tecnologias, costumes e mais uma cacetada de coisas da sociedade kriptoniana que vai pirar a cabeça dos mais ligados nesse tipo de recurso

Do ponto de vista mercadológico, também dá para dizer que a missão foi bem sucedida – afinal, esse é o Superman mais parecido com o Goku que já chegou às telas, além de ser a versão mais relacionável do personagem retratada fora das páginas de uma revista em quadrinhos.

O mérito disso vai em grande parte para a atuação de Henry Cavill. O britânico não é melhor nome que já vestiu o manto do herói, mas está lá perto e representa um Clark Kent que passa pela transformação que precisa passar – de inseguro e procurando pelo seu lugar no planeta, para o herói que vai guiar a humanidade.

Cavill é um dos destaques do filme, enquanto o outro é Michael Shannon (Boardwalk Empire), que interpreta um vilão que eu não acreditava que ele poderia interpretar. Além de colocar a carga dramática que o papel requer – e requer bastante, já que estamos falando de um cara que nasceu para ser o comandante militar de Krypton e que vê o planeta perecer, se tornando praticamente a última esperança de uma raça inteira – Shannon ainda consegue lidar muito bem com as cenas físicas e constitui uma ameaça muito plausível para o Superman.

No elenco de apoio, nós temos o bom trabalho dos pais biológicos do protagonista, Ayelet Zurer (Lara) e Russell Crowe (Jor-El) – esse último com mais tempo de tela e com uma performance bem sólida . Porém, os pais de criação do herói, Kevin Costner (Jonathan Kent) e Diane Lane (Martha Kent), roubam a cena demais, compondo algumas das melhores cenas de todo o filme – de LONGE. Amy Adams (Os Muppets) é uma Lois Lane bem aceitável, embora não tenha sido uma representação que ficará marcada nos anais da mitologia cinematográfica do Superman, e o resto dos coadjuvantes – Laurence Fishburne (Matrix), Christopher Meloni (True Blood), Richard Schiff (The West Wing), Harry Lennix (Ray) – não desaponta, mas também não possui muito espaço para crescer. Uma última menção precisa ser feita para Antje Traue, no papel da kriptoniana Faora, que chuta a bunda do Superman como ninguém.

O Homem de Aco 2013

Eu deixei a direção de Zack Snyder por último por um motivo muito simples: eu não tenho muita certeza se o que eu irei falar será bem compreendido. O fato é que a direção de Snyder é muito boa nesse filme, muito porque ele não fez praticamente nada como costuma fazer. Coloque alguém na sala de cinema sem saber que aquilo ali não foi dirigido por J.J. Abrams (Super 8), e esse alguém nunca adivinhará que Zack Snyder assina a direção do projeto. Não há nada ali que lembre os vícios do diretor (sim, nenhum slow-motion!!), embora as batalhas sejam esteticamente “algo que ele faria”.

O que dá para supor é que Zack Snyder ouviu todas as críticas que recebeu com Sucker Punch e decidiu lapidar as suas habilidades cinematográficas – ou foi limitado pela interferência dos produtores, ou mesmo teve sorte nesse filme. O fato é que o longa é conduzido muito bem pelas mãos estilosas do cara e o pontapé inicial no Universo DC nos cinemas não poderia ter sido dado de maneira melhor.

Ah, e por falar nisso, sim, O Homem de Aço é um universo compartilhado com outros personagens da DC – embora seja tão discreto que você não vai notar se não estiver procurando. A impressão é que eles resolveram fazer de uma forma que abra o leque para filmes de outros personagens mas que, ao mesmo tempo, proteja a marca caso o longa fosse um fracasso. Não é um fracasso, portanto preparem-se: os próximos anos devem ser incríveis para os fãs dos personagens da DC.

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